Corpo a corpo é estratégia para contrapor protestos

Escrito por Redação ,

"Olha, eu tô acompanhando vocês em Brasília". É com essa advertência que deputados federais cearenses têm sido abordados pela população, em incursões ao Interior do Estado, com vistas às eleições de outubro próximo. Ao Diário do Nordeste, parlamentares que, inclusive, já foram alvos de manifestações por votações no Congresso Nacional admitiram estar preocupados com a repercussão negativa de seus posicionamentos. Tentando evitar reflexos no pleito deste ano, eles apostam na tática do corpo a corpo e no apoio de prefeituras e lideranças políticas para conquistar o eleitorado.

Nas últimas semanas, circularam na Internet vídeos que mostram deputados federais cearenses sendo alvos de protestos em locais públicos. Entre os motivos, estão os posicionamentos deles em votações como a da Reforma Trabalhista, das denúncias contra o presidente Michel Temer (MDB), da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabeleceu um teto para os gastos públicos por 20 anos e, ainda, do impeachment da ex-presidente Dilma Rouseff (PT).

Em evento que reuniu lideranças no município de Madalena, no fim de abril, a deputada federal Gorete Pereira (PR) foi recebida com vaias em seu pronunciamento. Embora faça parte da base do governador Camilo Santana (PT) no Estado, ela é de um partido aliado ao presidente Michel Temer e votou a favor de propostas enviadas por ele à Câmara. A parlamentar considera que as manifestações são "pontuais" e "pequenas", mas afirma estar preocupada.

"Me preocupa, em período de eleição, né? A população não se lembra que eu votei para a Dilma não sair. Quando vieram os votos (das denúncias) do Temer, eu acredito que quem deve tirar presidente é o povo", argumentou. Gorete diz também que votou a favor da Reforma Trabalhista "para melhorar a relação do emprego no Brasil". Para "sensibilizar a população", a parlamentar afirma que vai tentar mostrar "obras e projetos" levados por ela aos municípios onde tem o apoio das prefeituras.

Já o deputado Danilo Forte (PSDB), que também foi alvo de protestos, no ano passado, diz não temer consequências na eleição de outubro. Segundo ele, alguns atos são provocados "por politiqueiro engajado em algum movimento ou partido" e, por isso, os ignora.

"O papel do Parlamento é debater, discutir, votar, não porque vai agradar, não é porque determinado segmento da opinião pública (quer), a gente precisa enfrentar os fatos. Eu fui eleito para buscar o diálogo com a população, para solucionar os problemas que o País vive, contemporaneamente, e que precisa voltar a encontrar alternativas para voltar a crescer e se desenvolver", sustentou. O parlamentar aposta no "convencimento" das pessoas que, "por falta de conhecimento, não têm profundeza dos fatos".

Acompanhamento

Odorico Monteiro (PSB), por outro lado, relata que tem sido muito questionado, nas visitas às bases eleitorais, sobre seus posicionamentos em votações polêmicas na Câmara. Para ele, isso pesará muito nas eleições deste ano, principalmente na Região Nordeste.

Odorico afirma que pessoas beneficiadas por políticas dos governos petistas "se sentem ameaçadas, porque podem voltar para a miséria". "Sinto das pessoas um certo reconhecimento pela forma como votei e, de certa forma, um questionamento. As pessoas acompanham as votações dos deputados", ressaltou.

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