Cenário nacional afeta escolha do candidato

Após reunião na última segunda, opositores decidiram aprofundar discussões antes de definir um nome

Escrito por Edison Silva - Editor de Política ,

Os dirigentes do PSD, Solidariedade e do PR querem ter o senador Tasso Jereissati (PSDB) no comando das articulações para a escolha do candidato da oposição ao Governo do Estado, assim como os postulantes ao Senado (dois). Tasso, que fez o primeiro encontro com os representantes desses partidos na última segunda-feira, ponderando alguns questionamentos, principalmente o relacionado à dúvida quanto à participação ou não do ex-presidente Lula na disputa presidencial, acabou por sugerir aprofundar a discussão sobre nomes de candidatos para a chapa majoritária estadual, depois de aclarados alguns pontos no cenário nacional. O senador cearense hoje está nos Estados Unidos e só volta ao Brasil no fim deste mês. Depois, ele se engajará no processo interno do PSDB para indicar o seu presidenciável.

Além da indefinição do quadro nacional, ainda tem adversário de Camilo Santana admitindo a possibilidade de Roberto Cláudio, prefeito de Fortaleza, vir a ser o candidato a governador apoiado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes, em razão da aliança de Camilo com o senador Eunício Oliveira (MDB), no entender de opositores, ser do desagrado dos irmãos, o que não é verdade.

Camilo e Eunício, antes de saírem de férias, conversaram longamente com o ex-governador Cid Gomes e outros liderados deste. Eles trataram sobre estratégias de ações políticas para eliminarem arestas ainda existentes sobre a aliança já formalizada, embora até o momento da sua oficialização, em julho próximo, quando das convenções partidárias, possa gerar inúmeras especulações.

Dos nomes conhecidos da oposição, o único disposto a concorrer com o governador Camilo Santana é Domingos Filho, um dos ex-aliados dele na disputa de 2014. Domingos não se oferece para postular o cargo, diz aos interlocutores, pelo fato de só recentemente ter chegado ao grupo oposicionista, mas respondeu assim a um dos adversários do governador, quando nesta semana a ele foi sugerido se preparar para o embate: "eu já estou preparado para essa disputa faz algum tempo".

Sentimento de grupo

Alguns oposicionistas chegaram à conclusão que o deputado estadual Capitão Wagner não tem sentimento de grupo, mesmo que a ele tenha sido oferecido todo o apoio para a eleição municipal de 2020, quando, sem correr risco de ficar sem mandato, pretende disputar novamente a Prefeitura da Capital.

Quando o nome dele foi citado, no encontro da última segunda-feira, como o que reúne as melhores condições para enfrentar Camilo, por sua situação eleitoral em Fortaleza, Wagner fez referências ao fato de poder ficar dois anos sem mandato, dificultando o seu projeto municipal. Além disso, fez exigências inaceitáveis, como a de ser o senhor absoluto do palanque.

Tasso foi o primeiro a reagir, ao afirmar que desceria do palanque se alguém falasse em Bolsonaro, o nome que Wagner diz ser da preferência dos seus apoiadores. E foram exatamente as exigências por ele feitas que motivaram a compreensão da maioria dos oposicionistas, de que Wagner está determinado a ser deputado federal, conquistar muitos votos em Fortaleza, fortalecendo-se para postular a sucessão de Roberto Cláudio.

Moroni Torgan (DEM) sempre obteve excelente votação na Capital para ser deputado federal. Isso o credenciava a ser candidato a prefeito, chegando até ao segundo turno, mas só conseguiu assumir a Prefeitura de Fortaleza quando aceitou ser vice, em 2016. O voto proporcional sempre é dado mais relaxadamente pelo eleitor, significando dizer que ser deputado estadual ou federal muito bem votado não garante ao parlamentar ter a mesma preferência na disputa pelos cargos de prefeito, governador ou senador. O Capitão sabe disso. Porém, sendo candidato a prefeito no exercício de mandato parlamentar, significa que só corre o risco de reduzir o patrimônio financeiro e de ficar com dívidas na praça.

Adversários de Camilo reconhecem a dificuldade experimentada na formação de uma chapa, notadamente após a saída do senador Eunício Oliveira do grupo, mas são enfáticos ao afirmarem que ela sairá, tanto pela necessidade de afirmação política de todos eles, quanto pela exigência da disputa presidencial e da eleição de deputados federais para a garantia de preservação dos partidos no contexto nacional, exigência da nova legislação eleitoral e partidária.

Aliados de Camilo

Como se isso não fosse suficiente, eles ainda são provocados por aliados de Camilo, preocupados com o desprestígio que experimentarão se o governador não tiver um adversário, primeira razão que lhe fará ser agradável aos aliados, por precisar deles para pedir votos.

Mas ela vai demorar mais um pouco para sair, como já observamos neste espaço. Para o senador Tasso Jereissati, a prioridade será a escolha do candidato do PSDB à Presidência da República, em março. Além do mais, todos devem ficar atentos aos demais nomes que poderão ser lançados, como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com capacidade de atrair apoios de aliados do atual Governo Federal, um complicador para o candidato tucano que, mesmo tendo que ser realizada a prévia no partido, provavelmente será o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em razão do pequeno apoio que tem o prefeito de Manaus, Artur Virgílio, o outro pretenso postulante do PSDB.

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