Candidatos travam batalha por colégios eleitorais no Interior

Antes aliados, membros da base governista passam a ser rivais na disputa acirrada pelos votos em municípios

Escrito por Letícia Lima - Repórter ,

Às vésperas do primeiro turno das Eleições, a disputa por colégios eleitorais no Ceará ainda ferve entre candidatos a deputado estadual e federal, principalmente, dentro da base governista. Diante de um arco de aliança de 24 partidos em torno do Governo Camilo Santana (PT), candidatos ao Legislativo brigam entre si pelo apoio de lideranças políticas nos municípios. Antes aliados, muitos viram rivais.

Com inúmeros candidatos à reeleição, além de novatos com boas perspectivas eleitorais, a expectativa é que eles precisem alcançar, no mínimo, 45 mil votos para se manterem no páreo e disputar uma cadeira no Poder Legislativo.

Em uma campanha eleitoral considerada "morna", por desconfiança do eleitor ou falta de recursos, a disputa proporcional revela um paradoxo diante do clima de batalha na busca por votos no Interior. O Diário do Nordeste apurou que em, pelo menos, cinco municípios, o acirramento se destaca. Um deles é Juazeiro do Norte, na região do Cariri, onde, nas palavras de um deputado, a "briga está feia".

Lá, o prefeito Arnon Bezerra (PTB) apoia, oficialmente, o candidato a deputado estadual Fernando Santana (PT), ex-secretário adjunto do gabinete do governador. Entretanto, o prefeito tem aliados que apoiam outros candidatos à Assembleia na região, como Nelinho (PSDB), filho do ex-prefeito de Russas, Raimundo Cordeiro. Este, por sua vez, apoia a candidatura de Pedro Bezerra, filho de Arnon, à Câmara dos Deputados.

Essa situação tem irritado correligionários, inclusive o vice-prefeito Giovanni Sampaio, que desistiu de concorrer a uma vaga na Assembleia para apoiar Fernando Santana, forte aliado do governador.

Desistência

A disputa em Campos Sales, dizem governistas, foi um dos principais motivos que levaram o deputado estadual Gony Arruda (PP) a desistir de tentar a reeleição. Ele contava com o apoio do prefeito da cidade, Moésio Loiola (PDT), que desistiu e voltou a apoiar a candidatura à reeleição do presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque (PDT). Gony se viu mais enfraquecido depois de perder força na sua terra natal, Granja. Lá, Sérgio Aguiar (PDT) cresceu politicamente, além de Romeu Aldigueri, primo e adversário de Gony, que tenta, neste ano, ser eleito deputado estadual.

Aracati também virou alvo de embate. O deputado Agenor Neto (MDB) já foi à tribuna da Assembleia, antes do recesso, para reclamar de interferência na cidade. O parlamentar, que apoiava Aníbal Gomes (DEM) para a Câmara, se comprometeu, neste ano, com a candidatura de Eduardo Bismarck (PDT), filho do prefeito de Aracati, Bismarck Maia. Em troca, o grupo de Bismarck apoiaria Agenor. Mas, segundo o emedebista, o acordo político estaria sendo fechado com Zezinho Albuquerque.

Expectativa

O acirramento no Estado gira em torno, também, do "capital" de votos de Lia Gomes (PDT), irmã de Cid e Ciro Gomes, que teve a candidatura a deputada estadual indeferida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em razão da ausência da biometria. Ela, porém, segue na disputa, porque entrou, ontem à tarde, com recurso no TSE.

Porém, a expectativa pela desistência da pedetista tem agitado candidatos do grupo aliado. Em Caucaia, o grupo político ligado ao ex-prefeito Washington Gois (PDT) já teria se unido ao atual prefeito Naumi Amorim (PMB), seu rival, para apoiar a candidatura da esposa deste, Érika Amorim (PSD), na disputa ao Legislativo Estadual.

Parlamentares da base aliada, como Silvana Oliveira (PR), admitem o "peso" da disputa entre os candidatos governistas. Já Heitor Férrer (SD) reconhece que a oposição "nem chega" aos colégios eleitorais do Interior.

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