Candidatos ainda não sabem das coligações

A oficialização do nome de Camilo à reeleição acontece amanhã, mas ainda falta definir como ficam as coligações

Escrito por Edison Silva - Editor de Política ,
Legenda: Fac-símile da matéria que trata sobre a fragilidade da oposição cearense, publicada na edição do último fim de semana do mês passado

Na véspera do último dia para realização das convenções partidárias, quando são homologadas as candidaturas e coligações, inúmeros candidatos à Câmara dos Deputados e ao Legislativo estadual ainda não sabem como se darão as alianças de que irão participar na disputa deste ano, assim como o senador Eunício Oliveira (MDB), candidato à reeleição, cuja luta resultou infrutífera quanto a ter o seu nome na mesma chapa do governador Camilo Santana (PT).

Eunício oficializa sua candidatura à reeleição neste sábado, rejeitado por integrantes do PDT e do PT, as duas principais agremiações sustentadoras da postulação de Camilo a continuar governador por mais até quatro anos.

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Cid Gomes (PDT), que tem a palavra final no acerto das coligações, como do seu feitio, deixou para o último momento a decisão. O secretário chefe da Casa Civil do Governo, Nelson Martins, e o presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque, fizeram os contatos preliminares com os candidatos, sondando o sentimento e desejo deles sobre as coligações pretendidas.

Foram preliminares para nortear a decisão de Cid. Ele até agora só resolveu a questão da aliança majoritária, quando descartou a participação do MDB na chapa, da qual faz parte com Camilo e Izolda Cela. O MDB também está fora da proporcional em que estiverem PDT e PT.

A falta de um segundo nome para disputar o Senado, na chapa de Camilo, ao lado de Cid, nada tem a ver com o discurso equivocado, de alguns, de ter sido tal decisão acordada com Eunício, para facilitar sua reeleição. Os liderados dos irmãos Cid e Ciro não receberão recomendação para votar em Eunício. Ao contrário, por certo.

As declarações recentes de Lia Ferreira Gomes, a única irmã, pedindo para o cearense não votar no 15, o número do MDB, somadas aos reiterados e veementes discursos contra o senador, proferidos por Ciro, são uma demonstração de ser Eunício, no momento, o primeiro adversário a ser combatido.

Rejeição

Apesar dessa situação, realmente crítica, Eunício não tem, pelo menos aparentemente, fortes concorrentes fora do esquema do Governo. Os seus adversários poderão crescer por conta da rejeição que ele sofre de parte de governistas e, também, por algumas inabilidades suas desde quando passou a ser oposição às lideranças do grupo que controla a administração estadual, a exatos quatro anos.

Os correligionários de quando ele foi oposição, a partir de sua candidatura ao Governo do Estado, em 2014, não guardam boas memórias daqueles momentos, por isso não nutrem qualquer desejo de sufragar o seu nome, o que o obriga a despender mais esforços e recursos para mudar essa realidade.

Legalmente, todos os candidatos deverão estar com suas situações regularizadas até o próximo domingo, mas nunca a lei é cumprida como está posta. O tempo entre o fim do prazo das convenções e o do pedido de registro das candidaturas e coligações à Justiça Eleitoral tem sido usado para arrematar acordos.

Desse modo, algumas situações novas poderão ocorrer até o dia 15 de agosto, limite para a apresentação pelos partidos das suas relações de candidatos e das alianças firmadas para as eleições majoritárias e proporcionais.

Essa situação, de não se ter, no final do tempo, a clareza de como se portarão os partidos e quem são os candidatos nas eleições para a escolha dos representantes do povo, em dois dos três estamentos do poder, não deixa de ser esdrúxula, de maus presságios para as atuações dos que a ela estão subjugados.

Os principais atores da eleição bem que poderiam, evitando o constrangimento que experimentam em sequer saber responder com quem estarão coligados, demonstrar para os eleitores que no exercício dos seus respectivos mandatos terão autonomia de votar e decidir visando o bem-estar social e em respeito à dignidade do cargo.

Fragilizada

Sem a perspectiva de grandes mudanças no quadro de candidatos até aqui apontados, não erra quem afirmar estar o governador Camilo Santana numa situação deveras confortável, repetindo os feitos de Tasso Jereissati (PSDB) e Cid Gomes (PDT), quando disputaram as reeleições em 1998 e em 2010, respectivamente. Ambos reelegeram-se no primeiro turno do pleito. A oposição cearense, na disputa deste ano, apresenta-se, lamentavelmente, mais débil ainda, portanto, sem força para estabelecer uma efetiva concorrência.

Também para a eleição dos deputados, pouco sobrará para os adversários do esquema do Governo. Os partidos, de um modo geral, não investem em renovação e muito menos atuam em períodos não eleitoral. Eles não formam quadros. O novo, que surge para participar de disputas por mandatos, é resultado de investimentos próprios em ações comunitárias, ao estilo do velho assistencialismo.

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