Camilo alinha pautas de interesse do Ceará com a bancada federal

Em mais um gesto de busca de aproximação com o Governo Bolsonaro e outras instâncias em Brasília, o governador apresentou a deputados, ontem, demandas prioritárias do Estado com o Executivo, Legislativo e Judiciário

Escrito por Letícia Lima ,

Na tentativa de estreitar o diálogo com o Governo de Jair Bolsonaro (PSL), o governador Camilo Santana (PT) reuniu, ontem (18), a bancada federal cearense e pediu apoio dos parlamentares para desemperrar pendências no Estado que vão de obras a ações no Judiciário. O líder da bancada, deputado Domingos Neto (PSD), admitiu a falta de habilidade do Governo Federal com as lideranças partidárias, mas disse que, se o grupo tiver "unidade", ganhará força na hora de reivindicar os pleitos locais.

Na primeira reunião com a nova bancada federal, Camilo apresentou uma lista de obras no Estado que demandam verbas da União para serem concluídas, como o Cinturão das Águas (CAC), a Transposição das Águas do Rio São Francisco, a Linha Leste do Metrô de Fortaleza e o IV Anel Viário. Segundo o secretário de Assuntos Institucionais do Governo, Nelson Martins, na área da Segurança Pública, o governador pediu ainda o apoio dos parlamentares para a instalação de um Centro de Segurança no Ceará.

"Que haja a cessão, por parte do Governo Federal, de alguma área ou do Exército ou da Segurança para que o Estado possa montar esse Centro. (O Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública) já funciona numa estrutura boa. Que ele seja cada vez mais fortalecido, tendo mais recursos, mas a ideia é que seja ampliado e que possa reunir outras áreas importantes", afirmou Martins.

Projetos e ações

O governador pediu também aos deputados que se articulem no Congresso para a aprovação de propostas que beneficiariam o Ceará. Uma delas é o Projeto de Lei Complementar (PLP) que regulamenta a securitização da dívida ativa da União, dos estados e dos municípios. Camilo reivindicou também a repartição de recursos pela cessão onerosa dos campos de petróleo.

No Supremo Tribunal Federal (STF), o governador também pediu que a bancada ajude a desengavetar algumas ações. A principal delas trata do ressarcimento de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para os estados que destinaram recursos próprios para os municípios.

Ministérios

Além dos parlamentares cearenses, secretários de Estado também participaram do encontro, no Palácio da Abolição. A ideia é que eles se reúnam com a bancada sempre que tiverem audiências com ministros de governo. Na semana passada, um grupo de deputados federais se reuniu com o ministro de Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto. Nas próximas semanas, a bancada cearense já tem agendas marcadas com os ministros da Educação, Saúde e Infraestrutura.

Líder da bancada cearense, o deputado federal Domingos Neto (PSD), por outro lado, criticou a falta de habilidade do Governo Federal em estabelecer um canal de diálogo com os parlamentares. Ele defendeu a união dos parlamentares cearenses, sejam aliados ou opositores ao governo Camilo Santana, para conquistar seus pleitos.

"O Governo ainda tem patinado com isso (articulação). Evidente que é uma coisa de novo Governo. O líder do Governo na Câmara (deputado Major Vítor Hugo) me parece uma pessoa preparada, mas ainda sem nenhuma articulação política. O Governo vai ter oportunidade de melhorar esse ambiente. Sobretudo agora, quando temos um momento em que o alinhamento partidário é desfavorável, a bancada estando unida vai ter força para conseguir recursos".

A bancada

Dos 22 deputados federais do Estado, apenas 13 participaram da reunião. Nenhum dos três senadores esteve presente. Entre os opositores ao governador Camilo Santana, apenas Capitão Wagner (Pros) atendeu ao convite. "Deixei claro que não abro mão de continuar fazendo oposição respeitosa ao Governo do Estado. No que for senso comum para ajudar o Governo do Estado a gente vai estar junto", ponderou.O deputado federal Heitor Freire (PSL), que preside o partido de Bolsonaro no Ceará, era esperado, mas não compareceu.

Já Robério Monteiro (PDT) reconheceu a dificuldade na interlocução de demandas para o Estado, uma vez que a legenda pedetista faz oposição ao Governo Bolsonaro, mas aposta no posto que o deputado Domingos Neto terá de relator do Orçamento. "A gente tem que puxar a sardinha para nossa brasa. Ele, como relator, tem como alocar recursos para o Estado".

O deputado federal Jaziel Pereira (PR) também considera que será estratégico que o governador mantenha os deputados da sua base no Estado aliada ao Governo Federal em Brasília. "Eu sou um deputado federal, eleito pelo povo cearense, e tenho obrigação de procurar canais em que possa ser útil para o Ceará".