Testemunha cita político, diz jornal

Escrito por Redação ,

Rio de Janeiro. Uma testemunha contou à polícia, segundo informações obtidas pelo jornal carioca "O Globo", que o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo queriam a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL). Procurado pelo jornal, o vereador disse que não conhece o PM - condenado e preso por chefiar uma milícia - e afirmou que a acusação da testemunha é "mentirosa". Siciliano prestou depoimento à Divisão de Homicídios sobre o assassinato de Marielle, no início de abril, na condição de testemunha. O vereador considerou a acusação uma "covardia". A motivação do crime, de acordo com o depoimento, foi o avanço de ações comunitárias de Marielle em áreas de interesse da milícia na Zona Oeste.

A vereadora foi executada com quatro tiros na cabeça na noite de 14 de março. Na ação, o motorista Anderson Gomes também foi atingido e morreu e uma assessora foi ferida por estilhaços. De acordo com "O Globo", a testemunha diz que foi forçada a trabalhar para Orlando e deu detalhes de como a execução foi planejada e diz que participou de reuniões. As conversas entre Orlando e Siciliano teriam começado em junho do ano passado.

"Eu estava numa mesa, a uma distância de pouco mais de um metro dos dois. Eles estavam sentados numa mesa ao lado. O vereador falou alto: "Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando". Depois, bateu forte com a mão na mesa e gritou: "Marielle, piranha do Freixo". Depois, olhando para o ex-PM, disse: "Precisamos resolver isso logo", afirmou a testemunha, segundo "O Globo". Marielle foi assessora do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) durante a CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio.

A reportagem cita ainda que a testemunha concedeu três depoimentos à Divisão de Homicídios. Deu informações à polícia sobre datas, horários e reuniões entre Siciliano e o ex-PM, que atualmente está em Bangu 9, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste.

A testemunha também teria fornecido nomes de quatro homens escolhidos para o assassinato, agora investigados pela polícia. Ainda segundo a publicação, a testemunha contou que, um mês antes do atentado contra Marielle, o ex-PM deu a ordem para o crime de dentro da cela de Bangu 9.

O relato informa que Orlando, primeiro, mandou que homens de sua confiança providenciassem a clonagem de um carro, o Cobalt prata, e que o veículo foi visto circulando próximo da comunidade da Merk, na zona oeste da capital fluminense, controlada pelo ex-PM.