Temer descarta ameaça à democracia no Brasil

Em NY, presidente tenta acalmar empresários sobre futuro do País; hoje, ele se despede da Assembleia da ONU

Escrito por Redação ,
Legenda: Temer está nos EUA para a abertura da 73ª Assembleia Geral da ONU, na qual o presidente do Brasil fará hoje o discurso de abertura, como é a tradição
Foto: FOTO: AGBR

Nova York. Em seu primeiro compromisso oficial em Nova York, nos EUA, o presidente Michel Temer buscou assegurar a uma plateia formada por cerca de cem empresários que nenhum dos candidatos que disputam a Presidência colocou em dúvida a democracia no país.

Temer faz uma passagem rápida por Nova York, onde abrirá, às 9h (horário local), a Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (25). Às 14h, ele retorna a Brasília. Em sua fala ontem (24), ele afirmou que sua proposta era analisar o presente e, "especialmente", o futuro do País. "Hoje, não existe no Brasil, posso assegurar a todos, qualquer espaço político para que prosperem alternativas ao estado democrático de direito", afirmou o presidente, que participou de almoço oferecido pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos.

Sem a intenção de "prever cenários", o presidente disse que nenhum dos presidenciáveis colocou em dúvida a democracia. Ele vê como "natural" que, durante o embate eleitoral e em busca de votos, os candidatos adotem diferentes posições e discursos "muitas vezes contraditórios".

"O fato é que os principais candidatos podem discordar sobre muita coisa", complementou o presidente.

"Mas nenhum deles pôs em dúvida a democracia. E eu repito, nem haveria espaço para isso. Ninguém questiona a responsabilidade fiscal. E ninguém propõe reduzir a rede de proteção social que nós desenvolvemos nos últimos anos".

Recentemente, editoriais de veículos estrangeiros começaram a retratar o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) como um risco à democracia. O mais recente foi publicado pela revista "The Economist", que qualificou o candidato como uma "ameaça".

Reforma da Previdência

Para Temer, o País tem "instituições fortíssimas" e um grande apreço à democracia. No mesmo discurso, ele afirmou que, assim que estiver concluído o processo eleitoral, vai entrar em contato com quem for eleito para tentar aprovar a reforma da Previdência ainda em seu governo -que termina em menos de cem dias.

"Quero anunciar, pela primeira vez, que eu quero fazer a reforma da Previdência, logo depois das eleições", afirmou. Ele reconheceu que, antes do fim do processo eleitoral, há uma dificuldade de avançar nas discussões.

"Mas passadas as eleições, essa preocupação desaparecerá. E, como o déficit previdenciário é elevado demais, nós não podemos legar a nossos filhos e netos um sistema previdenciário sob ameaça, nem um orçamento que seja quase tomado com gastos previdenciários". Sem uma reforma, continuou o presidente, não haverá investimentos no País. "Procurarei o presidente eleito, seja ele quem for, e tenho certeza que, ao procurá-lo, ele atentará para o fato de que a medida é indispensável", disse. "Não é essencial para o meu governo, que terminará em dezembro. É essencial para o Brasil".

Temer também defendeu, perante os empresários, as reformas de seu governo, como as mudanças na legislação trabalhista e a aprovação do teto de gastos públicos. "Houve tempos em que se advogava no Brasil ser possível crescer de forma sustentada com as contas fora de ordem, com os preços fora de controle", disse. "Aprendemos na prática que a inflação é o mais perverso dos impostos, porque incide sobre os mais vulneráveis. Só que se cresce de forma sustentada e inclusiva em ambiente econômico de estabilidade".

Temer também deu uma entrevista à agência de notícias Bloomberg e admitiu que o PT de Fernando Haddad deve chegar ao segundo turno. "Estão definidas duas tendências. Uma mais conservadora e outra mais populista. De alguma maneira, isso é bom para o eleitorado, porque ele terá maior facilidade para sua escolha", disse.