Sem previsão de alta, Bolsonaro segue na UTI

Médicos evitaram dar previsão de alta por não saber como o organismo do candidato vai reagir nos próximos dias

Escrito por Redação ,
Legenda: Caso o candidato do PSL não consiga dar continuidade à candidatura por motivos de saúde, o TSE estabelece o dia 17 como última data para a substituição
Foto: Foto: AFP

São Paulo. Após ser submetido a uma cirurgia de emergência para desobstrução intestinal no final da noite de quarta-feira, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foi levado para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para recuperação. O caso do militar reformado de 63 anos é descrito como complicado e ainda imprevisível porque não se sabe como o organismo reagirá nos próximos dias.

Com a nova cirurgia, há riscos de outras aderências no intestino ou mesmo de as alças se dobrarem, estreitando as regiões e causando nova obstrução. Como houve vazamento de líquido intestinal com o rompimento da sutura, o abdômen foi reinfectado. Mesmo fazendo uso de antibióticos, pode ocorrer a formação de abcessos. Segundo o boletim médico da noite de ontem, o paciente recebe analgésicos para controle de dor e continua em jejum oral com alimentação endovenosa. Por enquanto, não há previsão de alta da UTI.

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Os próximos dias devem ser cruciais. O candidato deve continuar com a nutrição parenteral (pelas veias) até que o trânsito intestinal seja restabelecido. Os médicos vão observar, por exemplo, se não há novas distensões abdominais e se ele está eliminando gases e evacuando pela colostomia, sinais de que o intestino voltou a funcionar.

A nova cirurgia foi necessária porque Bolsonaro teve obstrução do intestino. Isso não é raro em cirurgias intestinais porque toda a motricidade do órgão fica alterada. Além disso, os médicos encontraram dois problemas: aderência (quando um tecido gruda no outro) nas alças intestinais, o que interrompe o trânsito intestinal, e secreção intestinal na cavidade abdominal por conta do rompimento de um ponto da sutura feita na primeira cirurgia do intestino delgado.

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No processo de realimentação (quando passou a comer), Bolsonaro sentiu sintomas de estufamento do abdômen, dor e náuseas. Isso foi indicativo de que o aparelho digestivo não estava conseguindo se movimentar adequadamente. O problema pode ter sido provocado tanto pela aderência nas alças intestinais quanto pela inflamação causada pelo escape de secreção intestinal.

Campanha

Caso Bolsonaro não consiga dar continuidade à candidatura por motivos de saúde, o TSE estabelece 17 de setembro como último dia para a substituição de candidatos. Há, porém, uma margem de segurança de alguns dias até que as urnas eletrônicas sejam preparadas.

Em caso de morte de um candidato, a legislação dá o prazo de até dez dias, contados a partir do fato, para a substituição.

Nesse caso, a urna apresentará no 1º turno nome e foto do candidato original. Os votos destinados a ele são remanejados para seu substituto.

No caso do 2º turno, o prazo para preparação das urnas é a sexta seguinte ao 1º turno, neste ano o dia 12 de outubro, mesma data de início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV.

Aliados de Bolsonaro já admitem que as complicações médicas devem alongar o tempo de recuperação e podem tirá-lo inclusive das atividades de um eventual segundo turno.

Vice

Candidato a vice de Bolsonaro, o general Hamilton Mourão (PRTB) admitiu que a ausência de Bolsonaro nas ruas nesse momento da eleição prejudica a candidatura. Ele afirmou ainda que Bolsonaro é "insubstituível" e que não pretende assumir a cabeça de chapa da candidatura.

"Não vou substituir. Temos plena certeza de que ele estará em condições de liderar esse processo", declarou. "Ele é o homem das massas, o grande agitador. É ele que as pessoas vão eleger. Ninguém vai me eleger. Eu sou um apêndice".

Mourão defendeu, ontem, que o País faça uma nova Constituição, mais enxuta e focada em "princípios e valores imutáveis", mas não necessariamente por meio de uma Assembleia Constituinte. Para ele, o processo ideal envolveria uma comissão de notáveis, que depois submeteria o texto a um plebiscito, para aprovação popular. "Uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo".