PGR concorda que inquérito de Temer seja prorrogado

Procuradora Raquel Dodge deu parecer favorável ao pedido de delegado da PF por mais tempo para diligências

Escrito por Redação ,

Brasília. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, concordou com a prorrogação, por mais 60 dias, do inquérito sobre o Decreto dos Portos que investiga o possível envolvimento do presidente Michel Temer em corrupção e lavagem de dinheiro. Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), Dodge ainda rejeitou o pedido da defesa do presidente para arquivar as investigações.

Dodge também defendeu a rejeição de um pedido da defesa do ex-assessor do Planalto José Yunes, amigo de Temer que queria acesso ilimitado aos autos. A decisão caberá ao ministro Luis Roberto Barroso, do STF.

Nos últimos três dias, o delegado Cleyber Lopes, que comanda as investigações, interrogou uma das filhas do presidente, a psicóloga Maristela Temer, e os proprietários de uma loja de materiais de construção de São Paulo. A Polícia Federal apura se Temer recebeu vantagem indevida das empresas da área dos Portos em troca da edição do decreto. De acordo com delatores ligados à J&F, os recursos teriam sido repassados ao ex-presidente através do coronel aposentado João Baptista Lima Filho, amigo pessoal de Temer.

Em junho passado, a PF apreendeu na Argeplan, empresa ligada ao coronel Lima, "um projeto de reforma de imóvel com nome Maristela Temer", um recibo de pagamento em nome dela e um disco rígido com informações sobre a reforma no apartamento.

No depoimento, Maristela disse que usou empréstimos e dinheiro da mãe para pagar a reforma, ocorrida em 2014. Ela admitiu que a mulher do coronel Lima, Maria Rita Fratezi, fez pagamentos ligados a obra, mas negou a ilicitude dos recursos.

Em março, um fornecedor da obra feita na casa de Maristela afirmou a "Folha de S. Paulo" que recebeu pagamentos das mãos de Fratezi em dinheiro vivo. A defesa do presidente solicitou o arquivamento do inquérito em janeiro deste ano, um dia depois de Temer responder por escrito às 50 perguntas formuladas pela Polícia Federal na investigação. Os advogados do presidente alegam que a Rodrimar não foi favorecida. Ao defender a continuidade das investigações, Raquel Dodge disse que ainda é preciso aguardar a finalização das diligências em curso no âmbito do inquérito.

Após conversar com Temer em São Paulo, o advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira afirmou que a PF desviou os "rumos" iniciais do inquérito sobre o Decreto dos Portos, que investiga o emedebista, aliados políticos e empresas do setor portuário. Além disso, o criminalista disse que não há fatos suficientes para apresentação de uma nova denúncia contra Temer.