Morte de Gegê do Mangue: Polícia apreende helicóptero ligado a piloto foragido

Aeronave, usada para transportar drogas da Bolívia para São Paulo, era monitorada desde janeiro e pode ter sido utilizada pelo piloto Felipe Ramos, ligado à morte de líderes do PCC.

Escrito por Com informações do Estadão Conteúdo ,

A Polícia Civil, de São Paulo, trabalha com a hipótese de que o dono de um helicóptero apreendido em um hangar em Arujá (SP) na última quarta, tenha envolvimento com a morte do traficante Gegê do Mangue e Fabiano Alves de Souza, o Paca, líderes do PCC, em fevereiro deste ano, na reserva indígena Lagoa Encantada, em Aquiraz.

A aeronave seria de Felipe Ramos Moraes, que segue foragido e transportou o Gegê do Mangue para o local da execução no Ceará, de acordo com o delegado Aldo Galeano, titular da Seccional de São Bernardo do Campo (SP). "Ele [Felipe] praticamente cuida das rotas e cuida da parte financeira do PCC", afirmou. Para o delegado, Felipe Ramos cresceu dentro do PCC e "de piloto acabou virando o coordenador de rotas".

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Tráfico de drogas da Bolívia-São Paulo

Segundo o chefe de investigações da Delegacia de Investigação sobre Entorpecentes (Dise), de São Bernardo do Campo, Carlos César Alves, a aeronave era monitorada desde janeiro e pode ter sido utilizada por Felipe Ramos Moraes. Segundo Alves, o equipamento era utilizado por facções criminosas para transportar drogas da Bolívia para São Paulo.

Nos últimos quatro dias, o helicóptero realizou 56 horas de viagem. Nenhuma delas foi registrada no diário de bordo ou reportada à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). "A aeronave voava sem plano de voo, sem avisar a Anac, em horário de fim de semana. O típico de aeronave que transporta drogas", afirmou o chefe de investigações. De acordo com o Dise, o helicóptero também está em nome de laranja. "É realmente um esquema sofisticado e que dificilmente a polícia consegue identificar", disse Alves.

Helicóptero em nome de "laranja"

De acordo com a polícia, uma aeronave foi apreendida e três pilotos foram presos, quando se preparavam para realizar transporte de drogas em um hangar na cidade de Arujá, na Grande São Paulo. Como proprietário na Anac, aparece o nome de Fabio Pinheiro de Andrade Alvani, entretanto, segundo a própria polícia paulista, o proprietário pode ter sido usado como “laranja”, já que não possui rendimentos suficientes para comprar uma aeronave, estimada em cerca de US$ 1 milhão. 

O que havia na aeronave?

O helicóptero foi localizado dentro de uma oficina no bairro Jardim Fazenda Rincão. Dentro dele, foram encontrados vestígios de cocaína e dois tambores de gasolina que, segundo a polícia, são utilizados para aumentar a autonomia da aeronave em viagens de longa duração. O helicóptero também não tinha outros bancos além do assento do piloto e teve o GPS removido.

A Polícia pedirá a quebra do sigilo telefônico de cinco celulares: três aparelhos apreendidos com os três pilotos presos e outros dois números que foram citados pelos pilotos que seriam dos responsáveis pelo pagamento do transporte dos entorpecentes.

Três presos

Dentre os presos, está o piloto Rogério Almeida Antunes, preso também em 2013, no Espírito Santo, com mais de 400 kg de cocaína em um helicóptero da empresa do então deputado estadual de Minas Gerais Gustavo Perrela (SD). Na época, cinco pessoas foram condenadas por tráfico de drogas. A Polícia Federal concluiu que Perrella não tinha ligação com a droga. 

Além de Rogério Almeida Antunes, também foram presos Luis Paulo Mattar Pereira e Leonardo Almeida Antunes.