Marina não empolga antigos aliados

A pré-candidata à Presidência tem procurado formar alianças com outros partidos para aumentar sua exposição no horário eleitoral

Escrito por Estadão Conteúdo ,

As negociações da pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, para atrair partidos e, com isso, aumentar sua exposição no horário eleitoral, não prosperaram nos últimos meses. A ex-ministra encontra dificuldade até com legendas que estiveram em seu entorno nas campanhas de 2010 e 2014 - em ambas ela ficou em terceiro lugar e obteve cerca de 20 milhões de votos. Se concorrer sem coligações, Marina deve ter cerca de 1,5% do tempo de rádio e TV, o que dá cerca de 11 segundos em cada bloco de doze minutos e meio de propaganda. 

Interlocutores de Marina chegaram a procurar representantes do PPS, PV, PHS e PRP, mas as conversas não progrediram. No partido entretanto, a avaliação é de que o cenário ainda está embaralhado e sem definição sobre os nomes que se lançarão para a disputa em outubro. 

Segundo o deputado Miro Teixeira, pré-candidato da Rede ao governo do Rio, ainda é cedo para se falar em alianças. "O tempo da política é outro. Ainda falta definir muita coisa", disse o deputado. "A maioria dos partidos está mais preocupada em fazer deputados agora e discutindo coligações para não ficar amarrado com os recursos do fundo (eleitoral)." 

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No PV, partido pelo qual Marina se lançou em 2010 na esteira de sua atuação no Ministério do Meio Ambiente, há até nomes importantes que apoiam, individualmente, a pré-candidata da Rede. O mais representativo deles é Eduardo Jorge, candidato à Presidência pela legenda, em 2014. No entanto, a cúpula da sigla considera "improvável" um apoio formal do PV à pré-candidata da Rede. 

O presidente nacional do PV, José Luiz Penna, indicou que o partido deve apoiar Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato do PSDB. Penna foi secretário de Cultura do ex-governador tucano. Um interlocutor da legenda lembrou ainda o mal-estar de oito anos atrás, quando a filiação de Marina fez a sigla criar uma "cláusula de consciência" para a então candidata abrir mão de pautas programáticas do partido, como legalização das drogas e o aborto.

Outro ex-aliado de Marina que deve apoiar Alckmin é o PPS. O presidente nacional da sigla, deputado Roberto Freire (SP), deu indícios de que será pouco provável uma aliança com a Rede e disse que deve apoiar o tucano. "Conversas sempre temos, mas não do ponto de vista de candidatura. Ainda precisamos esperar o Congresso", afirmou. "Não há nada fechado, mas o maior indicativo é de que vamos apoiar Alckmin."

Barbosa

O PSB, partido ao qual Marina se filiou quando a Rede não conseguiu registro no Tribunal Superior Eleitoral e pelo qual concorreu à Presidência após a morte de Eduardo Campos, em 2014, deve lançar neste ano o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. Se confirmar o nome de Barbosa na disputa, o PSB ainda pode atrair o PRP, um dos apoiadores de Marina herdados da campanha de Campos. 

O ex-ministro do STF pode atrair também o PHS, único ex-aliado de Marina que deixou aberta a possibilidade de aliança com a Rede nesta eleição presidencial. Para o presidente da legenda, Laércio Benko, não seria "sobrenatural" apoiar Marina, já que o fizeram em 2014, mas disse que isso ainda está no campo da "possibilidade".

Benko declarou, porém, que a entrada de Barbosa na disputa, caso aconteça, "muda totalmente a configuração". "Resta ver se ele realmente participará da eleição." Na sigla, há um certo ressentimento com Marina em relação à campanha eleitoral de 2014. A avaliação interna é de que o partido a apoiou, mas a recíproca foi pouca.