Centrão discute apoio em 2º turno sem Alckmin, mas unidade é improvável

Integrantes do grupo começam a discutir internamente que caminho seguir em um eventual segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad

Escrito por FolhaPress ,

Com a dificuldade de Geraldo Alckmin (PSDB) em ganhar musculatura nas pesquisas de intenção de voto, integrantes do centrão começam a discutir internamente que caminho seguir em um eventual segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

Representantes do DEM, PP, PR, PRB e SD reúnem-se às 15h desta terça-feira (18), em São Paulo, para ter uma primeira conversa formal sobre o assunto.

No entanto, membros do bloco admitem que é praticamente impossível que haja um consenso em relação a um apoio em massa a um nome.

Apesar da aliança com o tucano, lideranças de partidos como PP e PR já têm ignorado Alckmin e pedido votos para o PT, principalmente no Nordeste, onde o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é muito forte.

É o caso, por exemplo, do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), que tenta se reeleger senador, e do líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), que tenta a reeleição como deputado federal.

No DEM, apesar do empenho praticamente isolado do presidente da sigla, ACM Neto (BA), em ajudar Alckmin, já há candidatos que apoiam Bolsonaro antes mesmo do início da campanha oficial.

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) é um dos mais próximos do capitão reformado do Exército. Candidato a governador do DF, o deputado Alberto Fraga (DEM) também é pró-Bolsonaro e não apareceu, por exemplo, nos eventos que Alckmin teve na segunda-feira (17) em Brasília.

Nas redes sociais do presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, candidato a deputado federal por São Paulo, a última menção a Alckmin é do início de agosto, quando o centrão oficializou apoio à candidatura do tucano.

Em 6 de setembro, quando procurado pela reportagem para se manifestar a respeito de vídeos divulgados pelo presidente Michel Temer com críticas a Alckmin, Marcos Pereira respondeu que estava focado em sua própria campanha.

A unidade que serviu para, na prática, dar a Alckmin o latifúndio que o tucano tem na TV, 5 minutos e 32 segundos de propaganda no horário eleitoral, é considerada por integrantes do centrão inviável em um segundo turno entre Haddad e Bolsonaro.

Os partidos têm perfis muito diferentes e a tendência, segundo duas lideranças do grupo, é que as legendas liberem cada estado para agir da maneira que for mais conveniente.

O líder de uma das siglas diz que o fato de não se posicionar institucionalmente no segundo turno não é um problema para, após a eleição, se pleitear cargos na próxima administração.

Reservadamente ele lembra que o que se leva em consideração na montagem de governos é o tamanho de cada bancada no Congresso, já que é este o fator que determina a força de um partido e seu poder de pressão sobre o presidente da República.