Bombeiros encontram restos mortais nos escombros de prédio que desabou

Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros Guilherme Derrite, foram recolhidos uma arcada dentária e parte de um rosto

Escrito por FolhaPress ,

Os bombeiros encontraram neste domingo (6) restos mortais nos escombros do edifício Wilton Paes de Almeida, no largo do Paissandu, em São Paulo, que desabou após incêndio na terça-feira (1º).Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros Guilherme Derrite, foram recolhidos uma arcada dentária e parte de um rosto próximo ao local onde o corpo de Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, conhecido como Tatuagem, foi encontrado na sexta-feira (4).

"Essas partes provavelmente são do Ricardo e foram encaminhadas para exame no Instituto Médico Legal", disse Derrite. De acordo com o tenente, uma corda também foi encontrada no local, o que, para os bombeiros, representa outro indício de os restos mortais são de Ricardo.

"As pequenas partes encontradas são importantes porque são indícios. Pode ser do Ricardo ou de outra pessoa, é um processo cirúrgico", afirmou Derrite.Oficialmente, os bombeiros trabalham com cinco desaparecidos: Selma e seus dois filhos gêmeos e um casal de sem-teto. A Prefeitura de São Paulo também diz que ainda não localizou o paradeiro de 49 moradores cadastrados que habitavam a ocupação popular antes da tragédia. 

Neste domingo, 49 bombeiros trabalham no sexto dia de buscas. A equipe é dividida em duas frentes: uma de combate o incêndio, que faz o controle do rescaldo, e outra de buscas nos escombros. O uso de maquinário pesado, como escavadeiras, foi intensificado. Segundo Derrite, o fato de ser domingo e de ter menos carros nas ruas acelera o trabalho dos bombeiros.

"Os caminhões que vão para os aterros e fazem descarga dos entulhos vão e voltam em uma velocidade muito superior ao que fizeram, por exemplo, na sexta-feira", disse. "É aí que o trabalho rende mais".Ao todo, mais de 1.000 toneladas de entulho já foram retirados do local, uma média de 250 toneladas por dia.

BUSCAS

Na sexta-feira (4), os bombeiros localizaram o primeiro corpo, de Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, conhecido como Tatuagem, que era resgatado quando o prédio desabou. A polícia disse que, após ouvir uma testemunha, concluiu que um curto-circuito no quinto andar, provocado por excesso de aparelhos ligados em uma tomada foi a causa do fogo no prédio. No local havia quatro pessoas: marido, mulher e duas filhas. 

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, uma pessoa prestou depoimento na sexta no 3º DP (Campos Elíseos). Um inquérito também foi instaurado no Deic  (Departamento Estadual de Investigações Criminais) para apurar a cobrança de aluguel dos moradores de ocupações do centro de São Paulo. 

O desabamento provocou ainda a interdição de cinco imóveis em seu entorno, sendo quatro prédios e uma igreja. Segundo a Defesa Civil, todos os bloqueios são totais e não há previsão de liberação. Não foi encontrado risco iminente de colapso em nenhum deles, mas eles seguem monitorados pelo órgão.

Um desses imóveis é o edifício Caracu, localizado na rua Antônio de Godói, que foi liberado para a entrada de moradores pela primeira vez nesta sexta-feira. As pessoas puderam retirar pertences pessoais, como documentos e medicamentos, mas não puderam permanecer no local. 

Também estão interditados uma igreja, no número 34 da av. Rio Branco; um prédio, no largo do Paissandu, 132; e um edifício fino da Antônio de Godói, que ficou com marcas das chamas em sua fachada. Essa última construção conta como duas interdições por ter duas numerações (8 e 26).