Apesar de 4° lugar no Rio, família Bolsonaro diz que sai fortalecida das eleições

Campanha de Flávio Bolsonaro (PSC) foi considerada um teste para a candidatura de seu pai, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), à presidência em 2018

Escrito por Folhapress ,
Apesar de ter ficado em quarto na disputa pela Prefeitura do Rio, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSC) fez uma campanha que foi considerada um teste para a candidatura de seu pai, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), à presidência em 2018. Flávio teve 14% dos votos válidos no Rio, com 424.307, e ficou à frente de Índio da Costa (8,99%), Carlos Osório (8,62%), Jandira Feghali (3,34%) e Alessandro Molon (1,27%).
 
O marqueteiro da campanha à prefeitura, Alexandre Borges, e seu pai, Jair, consideraram que a família sai fortalecida da disputa, a primeira do clã Bolsonaro a um cargo majoritário. Pesquisa do Datafolha um dia antes da eleição, colocou Flávio com 7%, ou cerca de 250 mil votos, quase metade do que realmente obteve.
 
"O Pedro Paulo tinha a máquina e ficou em terceiro. O Crivella, o voto dos evangélicos. O Freixo é apoiado por tudo o que tem de ruim no Brasil. Nós tivemos o quarto lugar sem fazer aliança com ninguém. Fomos sozinhos e tivemos um bom resultado", disse Jair Bolsonaro.
 
Pesquisa atrapalhou
 
Bolsonaro, o pai, disse que se não fosse a pesquisa Datafolha e o pedido de alguns integrantes do PSC no voto útil em Pedro Paulo, seu filho poderia ter chegado no segundo turno. "Os 14% são um termômetro para a gente em 2018. Foi positivo, o Flávio foi muito bem, mesmo com o nosso partido insistindo no voto útil na reta final", disse Jair Bolsonaro.
 
Os votos obtidos por Flávio superaram, por exemplo, os que seu pai ganhou na capital do Rio em 2012, quando foi o deputado federal mais votado no Estado, com 464 mil votos. Desse total, cerca de 250 mil foram obtidos na cidade. Os restante, no interior. "O resultado deste domingo mostra que Flávio, e consequentemente a família, ganharam novos eleitores nesta campanha. No início, eu diria que seus votos era uma espécie de recall do pai, mas com o passar da campanha ele adquiriu novos eleitores", disse o marqueteiro Alexandre Borges.
 
Borges credita o avanço também à possibilidade na campanha municipal à discussão de propostas a despeito de ideologia, o que teria descolado um pouco o candidato da pecha mais conhecida do clã Bolsonaro, que são as posições ultra conservadoras de direita. "Eu digo que ele transcendeu, na campanha, mostrando que pode dialogar com a sociedade em temas para além das bandeiras que costumam colar nele. Em um debate municipal, a ideologia fica mais em segundo plano do que uma eleição, por exemplo, para o legislativo", disse.
 
Vereador mais votado
 
Nem só Flávio conseguiu bom desempenho. Seu irmão mais novo, Carlos Bolsonaro, foi o vereador mais votado no Rio, com 106.657 votos. Flávio é visto como alguém que tem posições iguais às do pai, mas usa retórica menos agressiva para passar a mensagem. Inicialmente, seu pai era contra a candidatura, mas deu o braço a torcer e ajudou o filho na campanha.
 
"Nós atiramos com armas diferentes, mas miramos no mesmo alvo. O eleitor do Rio não tinha uma opção de direita para votar. O Crivella é evangélico, mas não é de direita. Pergunta se ele é contra o Estatuto do Desarmamento que você vai ver", disse o pai. Crivella, na época no PL, foi um dos senadores a lutar pela aprovação da lei que criou o Estatuto do Desarmamento, em 2003.
 
Mesmo com as divergências, Bolsonaro, o pai, declarou que votará em Crivella no segundo turno contra Marcello Freixo (PSOL). O apoio oficial ao candidato no segundo turno ainda não está definido. Em entrevista ao "RJTV", da TV Globo, nesta segunda-feira (3), Flávio disse que não apoiaria de nenhuma forma Freixo e que esperaria para conversar com Crivella sobre apoios.
 
Procurado, Flávio não quis atender a reportagem. Passou o dia descansando e reunido com a família no Rio. Os dois chegaram a fazer dobradinhas nos debates da televisão para falar sobre o projeto Escola Sem Partido, que pretende vetar ensino de educação sexual e adoção de cartilhas sobre diversidade de escolha de gênero nas escolas."Apoio no Brasil se traduz em cargos e secretarias. Não queremos isso agora", disse Jair Bolsonaro.