Novo depoimento amplia inquérito

Mais um funcionário de empresa de transporte de valores relatou à PF ter feito entregas no escritório de José Yunes

Escrito por Redação ,

Brasília. Novos depoimentos foram anexados ao inquérito que investiga o pagamento de R$ 10 milhões da Odebrecht ao MDB. O presidente Michel Temer (MDB-SP) está entre os alvos deste inquérito, informou reportagem exclusiva do "Jornal Nacional", na sexta-feira (11).

Em um deles, Wilson Francisco Alves, ex-funcionário da Transnacional (firma de transporte de valores contratada pela empreiteira Odebrecht), a exemplo do policial militar Abel de Queiroz, também aponta o escritório de José Yunes, ex-assessor especial e amigo pessoal do presidente Michel Temer, como ponto de entrega de dinheiro.

Procurada, a defesa de Yunes informou ao "Jornal Nacional" que não teve acesso ao depoimento, reiterando que o cliente não praticou nenhum ato ilícito.

No depoimento, Alves afirmou que recorda-se de ter estado no endereço onde fica o escritório de Yunes, acrescentando que "recorda-se bem deste local, em razão do muro de vidro do prédio onde ocorreram entregas de malotes".

Entregas

Alves disse que "neste endereço, efetuou três ou quatro entregas durante uma determinada semana, não se recorda especificamente se em 2013 ou 2014". No depoimento, ele afirmou ainda ter participado de entregas "pontuais" no local. Wilson Alves reforça a certeza sobre o lugar ao dizer que, após ser informado por antigos colegas de empresa sobre as questões da PF sobre o endereço, que "decidiu retornar com os colegas da Transnacional aos endereços citados pela Polícia Federal, para ter certeza de que efetivamente foram feitas entregas naqueles endereços". "(Alves afirmou) que, desta forma, retornou ao endereço (...) com os colegas que trabalhavam na Transnacional, de forma que afirma com certeza que esteve algumas vezes neste local para entrega de valores durante o seu período de trabalho na Transnacional".

Repasses

Na segunda-feira passada (7), o jornal "Folha de S. Paulo" divulgou o teor de um laudo da PF de que Yunes recebeu R$ 1 milhão da Odebrecht em duas parcelas de R$ 500 mil.

O segundo repasse, de acordo com análise dos investigadores, só teria ocorrido mediante pressões sobre a empreiteira e até a ameaça de um escândalo em Brasília. O laudo foi elaborado a partir de novos arquivos entregues pela Odebrecht à Operação Lava-Jato, com registros dos sistemas Drousys e My Web Day, usados para gerir o pagamento de propinas a políticos.

A perícia da PF sobre essas mídias foi concluída em abril deste ano e integra o inquérito que apura se Temer e aliados negociaram, em reunião no Palácio do Jaburu, R$ 10 milhões em doações ilícitas de campanha para integrantes de seu partido, o MDB, parte delas usando o amigo e ex-assessor.

Para os investigadores, os novos dados do inquérito corroboram a versão do Ministério Público Federal, que denunciou Yunes como arrecadador contumaz de propinas para Temer.

A "Folha" informou que Abel de Queiroz disse ter ido duas vezes ao escritório de Yunes para fazer entregas de dinheiro.