Mortalidade infantil cai 85% em três décadas

Escrito por Redação ,
O Ceará ficou com índice um pouco acima da média nacional em número de mortes de recém-nascidos

São Paulo. Apenas 3,4% de todas as mortes no País em 2010 ocorreram antes do primeiro ano de vida, segundo novos dados do Censo divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo dados do Registro Civil, o índice era de 23,3% em 1980, o que indica um declínio de 85,4% nas mortes antes do primeiro ano. Com percentual pouco acima da média nacional, o Ceará registra 3,5% de óbitos de menores de 1 ano.

A menor proporção foi encontrada no Rio Grande do Sul (2,1%), seguido pelo Rio de Janeiro (2,3%), Minas Gerais (2,7%), São Paulo (2,7%) e Santa Catarina (2,8%).

Na outro extremo, os Estados do Amazonas (8,5%), Amapá (7,9%), Maranhão (7,1%) e Acre (7,0%) concentram as taxas mais altas de mortalidade infantil.

Todos os Estados das regiões Sudeste e Sul estão abaixo da média nacional, além de Paraíba (3,2%), Rio Grande do Norte (3,3%), Pernambuco (3,3%) e Goiás (3,4%).

Campo

O Censo apurou que os padrões de mortalidade das áreas urbana e rural são próximos, mas que há diferenças significativas entre os mais novos.

Enquanto na área urbana o grupo de menores de um ano concentra 3,1% do total de óbitos, na área rural o percentual é de 5,4%. A disparidade maior ocorre na faixa de 1 a 4 anos, em que o percentual da área rural (1,6%) é mais do que o dobro do da área urbana (0,7%).

De acordo com o gerente de Coordenação de População e Indicadores Sociais, Fernando Albuquerque, a maior concentração de óbitos de menores de 1 ano está em áreas rurais onde há dificuldade de acesso aos serviços básicos de saúde.

"Conseguimos captar o óbito sem o indivíduo ter uma certidão. Essas crianças são enterradas no próprio quintal da casa, principalmente em áreas rurais. O Ministério da Saúde vem desenvolvendo uma pesquisa para investigar isso", afirmou.

Essa foi a primeira vez que o Censo introduziu no questionário a pergunta sobre mortes de pessoas que haviam residido nas casas para comparar as estatísticas do registro civil e do Ministério da Saúde. Em 2010, essa pergunta foi feita em todos os domicílios, diferentemente de anos anteriores quando era feita por amostragem.

A Região Norte é a que registra o maior número de casos de mortes de crianças com menos de 1 ano. No Amazonas, 16% do total de óbitos são de crianças menores de 1 ano. No Amapá, esse número chega a 15%; no Acre, 12,6% e no Pará, 11%.

No Nordeste, o Maranhão é o detentor do maior percentual de óbito de menores de 1 ano na área rural, com 10,2% do total de crianças nessa faixa etária - o IBGE registrou quase 300% a mais de óbitos de menores de 1 ano do que os contabilizados pelo estado.

"Enquanto no estado do Rio um cartório cobre uma área média de cerca de 193 quilômetros quadrados, em Rondônia, por exemplo, essa proporção é de cerca de 45 mil quilômetros quadrados aproximadamente. Dificulta a qualidade da informação", comentou o pesquisador.

Já o Distrito Federal aparece com 516 óbitos de menores de 1 ano pelo Registro Civil, enquanto o Censo registrou 359 mortes nesse grupo etário. Situação similar ocorreu no Sul e no Sudeste, onde o Censo registrou número menor de óbitos gerais do que os do Registro Civil.

Segundo o pesquisador, isso se deve ao fato de que nessas regiões há mais idosos que moram sozinhos e, em muitos domicílios, o recenseador não encontrou o entrevistado para declarar o óbito.

"A vantagem é que teremos boas informações onde geralmente elas são ruins, que são nas regiões Norte e Nordeste e poderemos construir tábuas de mortalidade para as áreas rurais e urbanas, fazer projeções de população e realizar políticas públicas efetivas", disse.Leia mais em Cidade, Negócios e Regional

Óbitos

16% representam o total de óbitos de crianças menores de 1 ano no Amazonas. No Amapá, esse número chega a 15%; no Acre, 12,6% e no Pará, 11%

CIDADES
Número de homens ultrapassa mulheres

Já a proporção de crianças e adolescentes com até 14 anos de idade vem diminuindo no País: de 29,6% para 24,1%

Brasília. Nos municípios brasileiros menos populosos, com até 20 mil habitantes, o número de homens ultrapassa o de mulheres de forma mais evidente. Em 20 dessas cidades, localizadas principalmente no estado de São Paulo, a população masculina supera em pelo menos 30% a feminina.

No caso das cidades paulistas, esse fenômeno pode ser explicado, em parte, pela instalação recente de penitenciárias masculinas.

Em Balbinos, por exemplo, a criação de dois presídios na última década fez a população local saltar de 1.313 para 3.702, entre os dois últimos censos do IBGE (de 2000 e 2010).

A proporção da presença masculina acompanhou o movimento e passou de 106,1 homens para grupo de 100 mulheres, em 2000, para 428,8 homens para cada 100 mulheres no a no passado.

O levantamento destaca que os outros municípios, localizados nos estados do Pará, de Pernambuco, Santa Catarina e Mato Grosso, no entanto, já apresentavam uma concentração maior de homens no início da década.

Entre as 20 cidades com maior concentração de mulheres, 12 são capitais. Oito delas localizadas na Região Nordeste, três na Sudeste e uma na Sul. Entre as capitais, Recife foi a que apresentou a menor presença de homens, com 85,7 para 100 mulheres.

Idosos

A proporção de idosos nos municípios brasileiros teve um crescimento generalizado nos últimos dez anos. O percentual de pessoas com mais de 60 anos aumentou de 8,6%, em 2000, para 10,8% em 2010.

Em 78 municípios brasileiros, essa parcela de cidadãos já representa 20% da população total da cidade, ou seja, uma em cada cinco pessoas tem 60 anos ou mais de idade.

Já a proporção de crianças e adolescentes com até 14 anos de idade vem diminuindo no País. A participação desse grupo na população total caiu de 29,6% em 2000 para 24,1% no ano passado.

FENÔMENO
12% dos domicílios têm só um morador

Brasília.
As unidades domésticas com apenas um morador aumentaram de 8,6% para 12,1% na última década. Fenômeno característico dos grandes centros urbanos, ele tem sido observado com mais frequência em estados com índices mais altos de envelhecimento da população: Rio de Janeiro - onde esse tipo de unidade doméstica passou de 11,2% para 15,6% no mesmo período - e Rio Grande do Sul, que subiu de 10,9% para 15,2%.

Segundo os dados, vários motivos explicam esse aumento. Entre eles, a elevação da expectativa de vida - que leva muitos idosos a morarem sozinhos, uma vez que não dividem mais suas casas com parentes -, a verticalização das cidades e a diminuição do tamanho das residências e ainda o aumento das separações conjugais.

Segundo o levantamento, entre as capitais, Porto Alegre (RS) lidera o ranking de pessoas que moram sozinhas, respondendo por 21,6% das unidades domésticas unipessoais.

Média europeia

A gerente de Coordenação de População e Indicadores Sociais, Ana Lucia Sabóia, diz que essa média se aproxima do patamar europeu. "Isso já é um percentual comparável ao de Barcelona e Lisboa, que são locais onde a proporção de unidades domiciliares unipessoais é bastante elevada", destacou.