Juiz do DF absolve Lula no caso de Delcídio

Ex-presidente da República foi inocentado de acusação de ter tentado silenciar ex-diretor da Petrobras

Escrito por Redação ,
Legenda: Petista virou réu por suspeita de embaraço à Justiça, após o ex-senador Delcídio do Amaral relatar em acordo de delação que Lula queria Cerveró calado
Foto: FOTO: AFP

Brasília. Numa sentença em que aponta falta de provas e delações sem credibilidade, o juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, absolveu, ontem, Lula e mais seis réus da acusação de atuar para obstruir investigações da Lava-Jato. É a primeira vez em que o petista é isentado numa ação penal relacionada à operação.

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Lula, o ex-senador Delcídio Amaral (MS), o banqueiro André Esteves, o pecuarista José Carlos Bumlai e seu filho, Maurício Bumlai, eram acusados de participar de uma trama para comprar o silêncio do ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e, com isso, evitar que ele fizesse acordo de delação que os implicasse.

Também foram absolvidos Edson Ribeiro, advogado de Cerveró, e o ex-chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira.

A investigação se baseou em gravação de 2015 de Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, de conversa em que Delcídio prometia fuga e R$ 50 mil mensais a Nestor, que estava preso. O áudio foi entregue à PGR e resultou na prisão do então congressista, que firmou acordo de colaboração mais adiante e entregou outros supostos participantes do plano.

Delcídio declarou que Lula seria o mandante da operação para calar Cerveró. Bumlai, compadre de Lula, e seu filho foram acusados por ele de fazer alguns dos pagamentos. O então senador contou ter procurado Esteves para também financiar o plano depois que os desembolsos do pecuarista cessaram. Em depoimento, ele admitiu que os repasses não chegaram a ocorrer.

Os advogados de Lula, Esteves e dos Bumlai saudaram, ontem, a decisão do juiz.

Habeas corpus

Já a procuradora-geral Raquel Dodge afirmou que o desembargador Rogério Favreto "pretendeu favorecer" Lula ao conceder habeas corpus no domingo. Ela enviou, na quarta, ao STJ pedido de abertura de inquérito contra o magistrado por prevaricação.

Por sua vez, o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Edvandir Felix de Paiva, disse acreditar que a PF do Paraná agiu com perfeição diante do vaivém jurídico. "Nós ficamos com duas ordens, uma para soltar e uma para manter preso. Não tinha como cumprir antes de uma decisão do presidente do tribunal".

Após a presidente do STJ, Laurita Vaz, negar, na quarta, 143 pedidos de habeas corpus em favor de Lula, o Tribunal já registrava, ontem, mais 264 solicitações do mesmo recurso.