Jair Bolsonaro lidera em cenários sem Lula

Para cientista político, presidenciável do PSL parece, contudo, ter atingido seu teto de intenção de votos

Escrito por Redação ,

Brasília. O deputado Jair Bolsonaro (PSL) lidera os três cenários de pesquisas estimuladas sem o ex-presidente Lula na disputa, apontou a pesquisa CNT/MDA, divulgada ontem.

Condenado e preso na Operação Lava-Jato, Lula lidera os cenários nos quais participa do levantamento. Ele pode ser declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa.

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No cenário mais provável sem Lula, Bolsonaro tem 19,7%; Marina Silva (Rede) 15,1%; Ciro Gomes (PDT), 11,1%. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) aparece em seguida, com 8,1%, seguido por Fernando Haddad (PT), com 3,8%.

O nível mais alto de intenção de voto de Jair Bolsonaro é de 20,7%, caso disputasse o Planalto com Marina (16,4%), Ciro (12%), Haddad (4,4%) e Henrique Meirelles (1,4%).

No primeiro levantamento divulgado após a prisão do ex-presidente, o petista lidera com 32,4%, seguido de Bolsonaro com 16,7%, Marina, com 7,6%, e Ciro, com 5,4%. Geraldo Alckmin aparece em quinto lugar, com 4% das intenções de voto, seguido pelo senador Álvaro Dias, que teria 2,5%.

Desde que Lula não participe da eleição, Marina é a pré-candidata que teria melhor desempenho em um eventual segundo turno contra Bolsonaro. Ambos empatariam com 27,2%, segundo a projeção da CNT/MDA. O deputado do PSL, porém, venceria em todos os outros cenários de segundo turno sem Lula testados pela pesquisa.

Disputando contra Ciro, Jair Bolsonaro teria 28,2% contra 24,2% do pedetista - um empate técnico dentro da margem de erro. Em duelo com Alckmin, o deputado fluminense registraria 27,8% e o tucano, 20,2%.

A pesquisa também mediu a rejeição dos pré-candidatos. Michel Temer (MDB) tem a maior rejeição, com 87,8% dos entrevistas dizendo que não votariam de jeito nenhum nele.

Marina Silva é a segunda mais rejeitada, com 56,5%, seguida por Alckmin, com 55,9%, e pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com 55,6%. Bolsonaro tem a quinta maior rejeição: 52,8% dos entrevistados disseram que não votariam de jeito nenhum no deputado do PSL.

A pesquisa CNT/MDA ouviu 2.002 pessoas em 137 municípios em todo o País. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais. O levantamento foi feito entre os dias 9 e de 12 de maio.

'Teto'

Bolsonaro parece ter atingido seu teto de intenção de votos, avaliou Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

No entanto, diz Marco Antonio, o desempenho de Bolsonaro já pode ser o suficiente para levá-lo ao segundo turno.

"Por mais que esse pareça o teto, não é um teto que o coloque fora do páreo", afirmou.

O professor da FGV afirmou, entretanto, que, numa segunda etapa de votação, Bolsonaro teria poucas chances de vencer: "Nesse caso, acho que a rejeição a ele prevalece", explica.

'Surpresa'

"A surpresa da pesquisa é que o Alckmin não decola. Já era tempo de ele aparecer na condição de competidor melhor", afirmou Marco Antonio.

Entre os motivos para o fraco desempenho do tucano, estão a falta de aliados e as divisões dentro do próprio partido.

"O DEM, aliado natural do PSDB, já afirmou que vai buscar outro espaço. E o próprio PSDB está dividido - há rachas em torno do Doria, com pedaços do partido apoiando o Márcio França (PSB). E a imagem do partido em Minas, região que sempre lhes deu muitos votos, está esfacelada por causa do Aécio".

Confiança

A pesquisa também questionou a opinião dos entrevistados em relação à confiança na Justiça brasileira. A maioria (52,8%) avaliou o Judiciário brasileiro como "pouco confiável" e 36,5% como "nada confiável". Os que consideraram os magistrados do País como "muito confiáveis" ficaram em 6,4%.

O levantamento também pesquisou a confiança dos brasileiros nas instituições. A mais confiável, na opinião dos entrevistados pela pesquisa, foi a Igreja, com 40,1%. As Forças Armadas aparecem em seguida, com 16,2% de confiança, seguida pela Justiça, com 8,6%.

As instituições com menor confiança são o Congresso Nacional (0,6%) e os partidos políticos (0,2%). O governo de Temer é avaliado como ruim ou péssimo por 71,2% da população.