Haddad assume candidatura do PT

Ex-prefeito de São Paulo é oficializado como cabeça de chapa, com a comunista Manuela D’Ávila como vice

Escrito por Redação ,

Brasília/Curitiba/São Paulo. Com o prazo para registro de candidatura esgotado, o PT oficializou, ontem, a candidatura à Presidência da República de Fernando Haddad no lugar do ex-presidente Lula, considerado inelegível com base na Lei da Ficha Limpa. Manuela D’Ávila (PCdoB) foi confirmada como candidata a vice na chapa.

Com a oficialização de Haddad, petistas passaram a defender que o ex-presidente tenha um papel de destaque em eventual governo do ex-prefeito.

“Tenho certeza que logo que Lula sair daqui, ele estará junto com Haddad governando o Brasil, dirigindo os programas, a política, mostrando como a gente tira esse País da crise”, afirmou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, diante da PF em Curitiba. 

Já Márcio Macedo, um dos vice-presidentes do PT, acredita que a eventual vitória de Haddad pode ajudar Lula a conseguir a sua liberdade. “Queria dizer aos meus companheiros que é fundamental a eleição do Haddad, inclusive para a libertação do Lula”, afirmou. 

Carta

Na carta que escreveu na prisão e que foi lida pelo ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh no ato em frente à PF, Lula foi mais sutil ao falar de eventual participação em um novo governo petista. 

“Sei que um dia a verdadeira Justiça será feita e será reconhecida minha inocência. E nesse dia eu estarei junto com o Haddad para fazer o governo do povo e da esperança”. Em sua primeira aparição na TV como candidato a presidente, ontem à noite, Haddad defendeu o ex-presidente. “Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve. Nós sabemos que ele ganharia essa eleição. Infelizmente insistem em tirar Lula, contrariando a ONU e a vontade do povo”. 

Ontem, Haddad foi alvo de comentários de Ciro Gomes (PDT). “Eu e Lula apoiamos o Haddad em 2016 e tivemos uma decepção profunda, já que ele perdeu no primeiro turno para o Doria e perdeu para os votos brancos e nulos. Isso não desqualifica o Haddad. Gostaria de tê-lo como vice em outra configuração. Mas ele sai muito fragilizado”, afirmou o pedetista.

Análises

A entrada de Haddad na corrida presidencial ainda é vista com cautela por analistas. “O mercado está tenso com o risco de uma disputa apertada entre Bolsonaro e PT no segundo turno”, disse Alessandra Ribeiro, diretora de política da consultoria Tendências. Já Carlos Melo, cientista político do Insper, destacou a aceitação do mercado a Bolsonaro, diante de uma esperança menor na vitória de Geraldo Alckmin (PSDB). “O mercado acredita em uma agenda liberal a partir do Paulo Guedes (economista da campanha de Bolsonaro)”.

Petistas cearenses defendem o nome de Haddad

Ao acompanhar em Curtitiba a confirmação do nome do ex prefeito de São Paulo e ex-ministro, Fernando Haddad, como o candidato oficial do PT na disputa presidencial, o líder da oposição, deputado José Guimarães (PT)  ressaltou em uma rede social o apoio ao "candidato a presidente do Lula, da esquerda e de todos os que querem reconstruir o Brasil." 
 
Segundo Guimarães, o ex-ministro subiu nas pesquisas antes de ser oficializado como candidato do Lula e agora deve crescer ainda mais e atingir 15% de intenções de voto em uma semana. "Haddad subiu 5 pontos sem ser oficializado. Sua marca na gestão pública está na revolução que ele fez na educação. No Ceará criou a Universidade Federal do Cariri, a UNILAB e vários Institutos Federais espalhados em 33 cidades. Agora é colocar a campanha nas ruas e ganharmos a eleição", declarou o petista.
 
Na carta lida aos militantes no ato em Curitiba, a deputada Luizianne Lins, declarou que o ex-presidente Lula soube informar bem 
que vem sofrendo uma injustiça mas que o projeto político do PT precisa continuar. "É um momento de muita tensão, somos todos Lula e o passo agora é eleger o Haddad, em quem o Lula confia e indica para continuar o projeto do PT", disse. 
 
O deputado José Airton (PT) avaliou como uma excelente escolha o nome do Haddad como substituto do ex-presidente Lula. "A escolha do Haddad foi a melhor opção, porque é um quadro politico, intelectual, extremamente preparado. Ele foi ministro da Educação e prefeito de São Paulo, então tem uma vasta experiência, além de ser muito sério e comprometido com os interesses da população", declarou.