Destruição do Museu Nacional expõe descaso

Mais antigo centro de ciência do País, local completou 200 anos em junho em meio a uma situação de abandono

Escrito por Redação ,

Rio de Janeiro. Um incêndio de grandes proporções atingiu o Museu Nacional, na zona norte do Rio, na noite de ontem. Especializado em história natural e mais antigo centro de ciência do País, o Museu Nacional completou 200 anos em junho em meio a uma situação de abandono.

O Corpo de Bombeiros foi acionado às 19h30. Todos os andares do edifício foram tomados pelo fogo. O museu já estava fechado quando o incêndio começou e não havia feridos. Os salões com pisos de madeira e os livros da biblioteca, a maior da América Latina, podem ter contribuído para o incêndio.

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O museu foi fundado por d. João VI e tinha como atrativo o quarto onde dormia o imperador d. Pedro II.

Apesar do ambiente ainda majestoso, reportagem do "O Estado de S. Paulo" em abril observou sinais de abandono, como um lustre quebrado, móveis sem conservação e manchas de umidade na parede. Com um dos mais importantes acervos de história natural da América Latina, o museu chegou ao bicentenário com goteiras e infiltrações.

Em maio, 10 de suas 30 salas de exposição estavam fechadas, incluindo as mais populares, como a que guarda um esqueleto de baleia jubarte e o 1º dinossauro de grande porte já montado no Brasil. Para reabrir a sala, interditada havia cinco meses após um ataque de cupins, o museu armou uma campanha de financiamento coletivo na internet -e arrecadou R$ 58 mil, mais do que a meta de R$ 30 mil.

Pesquisadores, estagiários, professores e estudantes do museu choravam. O clima era de tristeza e descrença. "Um trabalho de 200 anos de uma instituição científica. A mais importante da América Latina. Acabou tudo. O nosso trabalho, a nossa vida estava aí", disse o museólogo Marco Caldas.

Tesouros

O museu, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, reúne algumas das mais importantes peças da história natural do País.

O maior tesouro é Luzia, o esqueleto mais antigo já encontrado nas Américas, com cerca de 12 mil anos de idade. Achado em Lagoa Santa (MG) em 1974, trata-se de uma das primeiras habitantes do Brasil e é o maior tesouro arqueológico do País.

Outra peça marcante do museu é o meteorito Bendegó, o maior já achado no Brasil. A rocha é oriunda de uma região do Sistema Solar entre os planetas Marte e Júpiter e tem cerca de 4,56 bilhões de anos. O meteorito foi achado em 1784, em Monte Santo, na Bahia.