Partido de Bolsonaro quer ter candidato em todas as cidades do CE em 2020

Heitor Freire, presidente do PSL no Ceará, diz ter acordo com Capitão Wagner (PROS) para pleito em Fortaleza

Escrito por Sérgio Ripardo ,
Legenda: Heitor Freire fala que PSL vai aumentar número de filiados e da bancada
Foto: Fabiane de Paula

A chegada do Partido Social Liberal (PSL) ao poder, com a vitória de Jair Bolsonaro, tende a mexer com o jogo político nos municípios nos próximos anos. A sigla quer apresentar candidatos em todos os 184 municípios do Ceará, na disputa eleitoral de 2020. Na quarta, a agremiação reuniu a bancada nacional eleita, em um hotel em Brasília, e decidiu atrair deputados de outras siglas, com a janela partidária em 2019. O presidente do PSL no Ceará, Heitor Freire, conta o plano da sigla para o Estado.

Como foram as reuniões em Brasília? Definiram algo sobre o Ceará?

No momento, é muita fase de "brainstorm", de ideias e projetos. Ninguém está definindo os estados não. Fui a uma série de reuniões, da nossa bancada do PSL, que contou com a presença do Bolsonaro. Foi reunião fechada, a imprensa não teve acesso.

Você conheceu gente da bancada nacional do PSL?

A maioria eu já conheço, vem dos movimentos de direita como a Carla Zambelli, Joice Hasselmann (deputadas eleitas em SP), dos movimentos pró-impeachment, LulaNaCadeia. Desses 52 deputados, sou amigo de 45 deles.

O plano de aumentar a bancada é para valer?

É de vera. Na nossa reunião da bancada do PSL, foi tratada a questão do trabalho dos diretórios nos estados. O PSL agora não é mais aquele patinho feio. Nós elegemos 59 deputados, mas só 52 vão tomar posse, porque sete não passaram na cláusula de barreira.Vão acontecer duas coisas para os partidos que não passaram na cláusula de barreira: ou vão morrer ou vão ter de fazer uma fusão.

No Ceará, o PSL já tem diretório definitivo?

Sou presidente estadual da comissão provisória. Continuo na presidência por dois anos, até passar as eleições. Conversei com o presidente nacional do PSL, o Luciano Bivar, e já disse que a minha intenção é lançar candidatura em todos os municípios do Ceará, sem exceção. Vamos lançar candidatura a vereador e vamos avaliar a conjuntura de prefeito.

Você precisará de muitos filiados para 184 cidades.

O PSL está vivendo um novo momento. Antes de março de 2018, era quase um partido de esquerda. Precisamos buscar pessoas alinhadas com nosso perfil. Nós tínhamos mais de 60, dei baixa em todos e estou recomeçando tudo do zero. Vou recomeçar em Fortaleza, vou recomeçar nos grandes municípios, municípios-polos, que é Quixadá no Sertão Central; na região Norte, Camocim, Sobral; na Serra (da Ibiapaba), quero Tianguá; quero lançar candidatos a prefeito, e nos outros municípios vou avaliar compor (com outras siglas).

Tem muito empresário querendo se filiar ao PSL?

Muito, muito, porque nós estamos do lado daquele que gera emprego e renda. O trabalhador já tem muito direito, ninguém vai querer remover o direito do trabalhador. Mas não podemos esquecer os que foram esquecidos: os empresários, que geram emprego e renda. Neste governo, queremos estar muito próximos dos industriais, dos empresários, comerciantes, dos pequenos e microempresários.

O Capitão Wagner (PROS) apoiou Bolsonaro e se fala na intenção dele de ser prefeito. Quando você fala que o PSL cearense terá candidatos a prefeito, não é necessariamente na cabeça de chapa?

Não necessariamente na cabeça da chapa. Bolsonaro é um amigo pessoal. Depois do governo formado e quando vier a conversa das eleições municipais, vou conversar com Bolsonaro. Se ele acha que eu devo ser candidato à Prefeitura, eu vou ser. Não desobedeço à ordem de Bolsonaro. Mas a minha sugestão é que já temos um nome bom, que é do Capitão Wagner. Eu já conversei com o Capitão Wagner, nós temos esse acordo: o Capitão Wagner indo para Prefeitura, eu indico o vice e entro nessa campanha para elegê-lo.

Minha intenção é daqui a 4 anos fazer uma boa gestão junto com Bolsonaro e disputar o Senado ou o Governo, mas apoiando o Capitão Wagner na Prefeitura e indicando o vice dele. Eu já tenho esse acordo com o Capitão Wagner. Mas eu sou um soldado: se Bolsonaro disser "não, eu quero os meus candidatos à Prefeitura", aqui no Ceará, o Capitão Wagner não tem essa proximidade com Bolsonaro, não esteve mais de 15 minutos com Bolsonaro, o Eduardo Girão nunca esteve com Bolsonaro na vida, acho que não, eles não têm como ser os interlocutores. Mas isso é uma conversa que precisa ser construída. Conheço o Bolsonaro: ele só entra em candidatura de quem ele conhece, de quem faz parte do convívio dele, mas nada que não possa ser construído.