Bolsonaro já negocia apoios

Escrito por Redação ,

Legenda: Por liderar pesquisas de intenções de voto e ampliar vantagem em relação a Fernando Haddad, candidato do PSL já articula uma base parlamentar
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Rio de Janeiro. Ao consolidar o apoio de ruralistas e evangélicos, e já contando desde sempre com o engajamento majoritário da bancada da bala, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) atua para a formação de uma base parlamentar para um eventual governo sem negociar com cúpulas partidárias. Em vez dos caciques, Bolsonaro vem conseguindo angariar apoiadores no baixo clero e no varejo.

O coordenador dessa estratégia é o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que já tinha anunciado antes de começar a campanha a adesão de mais de cem deputados ao candidato do PSL, mas sem divulgar uma lista.

O apoio das bancadas apelidadas de BBB - do boi (ruralista), da bala (segurança) e da Bíblia (evangélica) - já foi fundamental no passado para a chegada do ex-deputado federal Eduardo Cunha, hoje preso em Curitiba, à presidência da Câmara.

Os representantes das bancadas temáticas destacam, no entanto, que, no caso de Cunha, foi ele quem buscou o apoio de forma ostensiva. Já no caso de Bolsonaro, o acerto vem da demanda criada pela reação aos movimentos das regiões dos parlamentares. A coordenadora da bancada ruralista, Tereza Cristina (DEM-MS), afirma que a declaração de voto em Bolsonaro decorre de uma pressão das bases eleitorais dos deputados candidatos à reeleição, que querem surfar no desempenho do capitão reformado nas pesquisas.

"O apoio ao Eduardo Cunha era para que temas que são caros ao setor andassem. E, na época, ele abriu as portas e nós conseguimos avançar em muitas pautas complicadas. Hoje é completamente diferente, hoje vem da base. O setor produtivo está apoiando o Bolsonaro e essa pressão foi ficando cada vez maior", afirmou Tereza Cristina. O depoimento do deputado Hidekazu Takayama (PSC-PR) é semelhante. Ele destaca que Cunha procurou parlamentares e igrejas evangélicas em busca de apoio. Agora, ocorreu um fenômeno inverso.

"Com Bolsonaro, você vê lideranças religiosas declarando apoio porque ele é o que mais se aproxima do pensamento cristão. Na verdade, quem está fazendo campanha para Bolsonaro é a esquerda radical, que está fazendo com que os pastores se assustem", diz Takayama. Coordenador da bancada da bala, Alberto Fraga (DEM-DF) tinha traído o amigo Bolsonaro no início da campanha após fechar acordo com o PSDB de Geraldo Alckmin para disputar o governo do Distrito Federal.

Patinando nas pesquisas, Fraga voltou a defender o candidato do PSL em eventos e declarou publicamente o seu voto no debate regional realizado pela TV Globo na terça-feira.

Reaproximação

O movimento de Fraga é semelhante ao de vários parlamentares que passaram a defender Bolsonaro apenas em busca da própria sobrevivência.

Luiz Carlos Heinze (PP), expoente da bancada ruralista, tenta uma vaga ao Senado e estava neutro no início da campanha. Também com dificuldades eleitorais, decidiu abraçar de vez a campanha de Bolsonaro.

Houve reaproximação do candidato do PSL com vários parlamentares. Pastor Marco Feliciano (Podemos-SP), que se notabilizou quando presidiu a comissão de Direitos Humanos da Câmara, foi um que abandonou o candidato de seu partido, Álvaro Dias (Podemos), para se aproximar de Bolsonaro. Ontem, Danielle Cunha (MDB), filha do ex-deputado Eduardo Cunha que é candidata à deputada federal no Rio, pediu voto para Bolsonaro numa rede social.

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