Acuado pela PF, Temer cancela viagem à Ásia

Presidente iria para Cingapura, Tailândia, Indonésia e Vietnã a partir do dia 7 de maio, mas acabou desistindo

Escrito por Redação ,
Legenda: Chefe do Executivo federal enfrenta uma série de suspeitas de que tenha lavado dinheiro de propina no pagamento de reformas em casas de familiares
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Brasília. O presidente Michel Temer desistiu de viagem internacional que faria na próxima semana ao Sudeste Asiático (Cingapura, Tailândia, Indonésia e Vietnã). A programação inicial era que ele embarcasse no dia 5 e só retornasse em 14 de maio. É a segunda vez que ele cancela o roteiro. Na primeira, desistiu por recomendação médica.

A decisão coincide o pedido da Polícia Federal de prorrogação de inquérito que investiga o presidente sobre a edição de um decreto que favoreceria empresa portuária. Além disso, foi marcado o depoimento da filha do presidente, Maristela Temer, que teve o material para a reforma de sua casa pago por Maria Rita Fratezi, esposa do coronel João Baptista de Lima Filho.

Com o avanço das investigações, o presidente foi aconselhado durante a semana passada a encurtar ou cancelar a viagem internacional. No País, ele teria melhores condições de cuidar da estratégia de reação jurídica.

A principal suspeita de investigadores da Polícia Federal é de que o presidente tenha lavado dinheiro de propina no pagamento de reformas em casas de familiares e dissimulado transações imobiliárias em nomes de terceiros. O envolvimento de seus familiares irritou o presidente, que fez pronunciamento na última sexta-feira (27) dizendo ser vítima de perseguição criminosa disfarçada de investigação.

"É contra a minha honra e pior ainda. São mentiras que atingem minha família", disse.

Orçamento

Segundo o Palácio do Planalto, o presidente também decidiu permanecer para acompanhar a votação de proposta no Congresso Nacional que inclui R$ 1,3 bilhões ao orçamento federal.

Na semana passada, o governo federal foi informado que a Venezuela e Moçambique deixaram de pagar R$ 1,5 bilhão por obras e serviços. Nesta semana, por conta do feriado, não deve haver sessão legislativa, o que jogou a tramitação da proposta para a outra semana, quando o presidente já estaria em viagem.

Bolsa Família

Sob pressão da equipe política, Temer decidiu conceder um reajuste maior ao Bolsa Família.

Em reunião, no Palácio do Alvorada, ele definiu que o aumento médio do programa social deve ficar entre 5% e 6%, maior que os 3% inicialmente discutidos. A inflação do ano passado ficou em 2,95%.

O Palácio do Planalto temia que uma simples correção inflacionária pudesse ser usada por candidatos adversários como argumento de que o MDB faz pouco pela área social. Em 2017, o programa social não teve reajuste. Em busca de uma agenda positiva, o presidente chegou a afirmar que o aumento seria anunciado na sexta (27). Na reunião, contudo, ele recuou e preferiu deixar a divulgação para amanhã (1º), Dia do Trabalhador. O valor maior é uma tentativa do Planalto de construir uma marca social em ano eleitoral. Temer tem uma reprovação de 70%.