Vida fakebookiana

Quando fico diante das redes sociais, sei que ali há um grande espetáculo. Espetáculo esse que é criado, pensado e compartilhado por cada um dos amigos virtuais. Há sempre aquele que é o "politizado", "o estou certo", "o viajado" e por aí vai. Cada um, a sua maneira, dá a cor e a história em sua rede social, sendo, portanto, um editor de sua própria vida virtual.

Numa conversa com alguns amigos, eles comentaram que viam a vida de muitos "dar certo", "repleta de sucesso", enquanto eles próprios pareciam não sair do lugar. Perguntei como chegaram a essa conclusão. Me disseram que apenas viram pelo Facebook.

Eu apenas ri. Ri por saber que, em se tratando de redes sociais, é muito fácil se criar ilusões. Ali há a família perfeita, o casal que se ama eternamente, a pessoa cult. Você encontra o sábio, o engraçado, o poeta, a personificação da moral e dos bons costumes.

Tem de tudo. Mas nada deixa de ser fruto de uma grande edição: as pessoas, assim como na vida real, colocam ali apenas a imagem que querem passar. Isso pode não ser a realidade, apenas representação. Tenho certo receio com o que vejo: sempre há uma intenção por trás de cada mensagem. Há ali edição, uma escolha pensada sobre o que entra e o que não entra.

Na vida real, as coisas podem não ser assim. Já vi gente ser a "barraqueira do Facebook", mas não tomar nenhuma atitude para transformar o mundo num lugar um pouco melhor. Se reclamar mudasse as coisas, acho que estaríamos num outro patamar. Quando pensar que sua vida não é um "sucesso", lembre-se: a postagem do seu amigo virtual pode ser apenas uma grande fantasia. Na foto, o melhor sorriso. Mas no interior, as coisas podem não ser bem assim. Sucesso não é postar. É viver e aprender com a vida.

Juliano Schiavo. Jornalista e biólogo