Vida e esperança

O amanhã surgirá como o hoje veio e o ontem se foi! Do ontem guardamos lembranças, algumas boas outras nem tanto; no hoje construímos algo, destruímos alguns feitos, deixamos afazeres para depois, por motivos diversos e quaisquer. Quando crianças vivemos pelas grandezas dos adultos - o famoso narcisismo paterno - enquanto adultos, esquecemos de quão importante era a criança que vivia em nós e que deixamos por lá, pelo passado. Agora, cuidamos de crianças, em nos tornando pais, procurando oferecer-lhes o que nossos pais não conseguiram nos dar, materialmente falando. Não percebemos que nossos velhos nos deixaram o de mais concreto bem da vida: seus ensinamentos, cuidados e carinhos. O amor tornou-se nostalgia. Se para nossos pais o amanhã vem sempre trazendo consigo a velhice do corpo, a lentidão dos reflexos, a experiência dos anos vividos, para nós traz o desabrochar das experiências boas e más que eles igualmente viveram. O tempo passa! Em vida, a segunda certeza que temos; posto ser a morte a primeira, é nos perguntarmos se estamos de fato vivendo uma vida que valha a pena! O que fizemos no passado que possa ser comemorado agora? O que de bom estamos construindo neste tempo para os que virão depois? E quando o futuro chegar, e velhos estivermos, com o que nos depararemos construídos por nós?

Refletir é prudente! Cabe arrepender-nos? Sim! Reconhecer o erro e corrigi-lo é honroso! Reconstruirmos? Claro; podemos reconstruir as coisas boas que deixamos desgastar: as amizades, os passeios nas praças, os bate-papos nas calçadas e tantas outras vicissitudes singelas que se agigantavam em nossas relações sociais. Manter a esperança? Imprescindível. Diz a música: "O melhor lugar do mundo, é dento de um abraço!"...

Edmar de Oliveira Santos
Escritor