Sem adjetivos

Jornalismo é a busca do essencial, sem adereços, adjetivos ou adornos. O jornalismo transformador é substantivo. Sua força não está na militância ideológica ou partidária, mas no vigor persuasivo da verdade factual e na integridade da sua opinião. A credibilidade não é fruto de um momento. É o somatório de uma longa e transparente coerência. A ferramenta de trabalho dos jornalistas é a curiosidade. A dúvida. A interrogação. O jornalista não deve ser ingênuo. Deve ser honrado, trabalhador, independente. É indispensável o exercício da denúncia fundamentada. O repórter, observador diário da corrupção e da miséria moral, não pode deixar que a alma envelheça. Convém renovar a rebeldia sonhadora do começo da carreira. Todos os dias. O coração do repórter deve pulsar em cada matéria. Precisamos fugir do jornalismo de registro. O poder público tem notável capacidade de pautar jornais. Fonte de governo é importante, mas não é a única. Muitas pautas estão quicando na nossa frente. Muitas histórias interessantes estão para ser contadas.

O culto à frivolidade e a submissão à ditadura dos modismos estão na outra ponta do problema. O dogma do politicamente correto não deixa saída: de um lado, só há vilões; de outro, só se captam perfis de mocinhos. E não é assim. A vida tem matizes. O verdadeiro jornalismo busca os argumentos opostos. A força de uma publicação não é fruto do acaso. É uma conquista diária. A credibilidade não combina com a leviandade. Só há uma receita duradoura: ética, profissionalismo e talento. O leitor, cada vez mais crítico e exigente, quer notícia. Quer informação substantiva.

Carlos Alberto Di Franco
Jornalista