Salve a Caatinga

Hoje, 28 de abril, comemora-se o Dia Nacional da Caatinga. Várias comunidades e organizações de agricultores familiares aprendem e ensinam a convivência harmoniosa e frutífera com o bioma da Caatinga, na região semiárida brasileira. São conhecimentos que mudam o estereótipo de flagelo e pobreza, para o de famílias bem-sucedidas e exemplares.

Técnicas conservacionistas acessíveis e baratas combatem o empobrecimento do solo, o agravo ambiental e a desertificação. Por exemplo, recomenda-se usar a terra conforme sua capacidade; adubá-la com orgânicos e restos da produção; rotar culturas; controlar queimadas; corrigir Ph do solo; dar repouso. A ceifa ou roça consiste na limpa da parte aérea do mato que forma uma camada protetora do solo e raízes e evita a esterilização solar. Aos poucos, pode-se abandonar o uso da enxada, arado, grade ou cultivador.

O reflorestamento é outra solução à erosão, degradação e desertificação. A vegetação faz uma trava no solo, mantém partículas, evita escoamento acelerado das águas, aumenta infiltração. Impede o impacto direto da água da chuva e freia a ação dos ventos. Recomenda-se deixar 20% das áreas nativas ou reflorestadas. Padre Cícero dizia: "Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água da chuva". Esse conselho se concretizou, existem vários modelos práticos e viáveis, já experimentados pelos agricultores.

Mas o catingueiro vive luta permanente contra a mistificação do Semiárido. Sua população não é invisível. A Caatinga é rica e diversa e o sertanejo é sujeito de uma longa experiência de convivência com as adversidades. Esse povo é sensível à relação harmônica homem e natureza e faz revolução cultural, valorizando tradições, mas acolhendo práticas inovadoras. Salve a Caatinga!

Ana Maria Matos Araújo. Doutora em Geografia