Riqueza dirigida

Há hoje, no Ceará, uma grande dificuldade de empreender em pequenas cidades. Isso acontece devido ao fenômeno da concentração de crescimento econômico na Região Metropolitana de Fortaleza e em regiões isoladas do Estado, como os municípios de Sobral e Juazeiro do Norte. Esse ciclo de concentração de riqueza acaba infringindo às cidades pequenas e mais pobres uma condição de desigualdade que cresce em progressão geométrica. Dados do Caged, de outubro, no Ceará, mostram que dos dez municípios que alcançaram saldo positivo de empregos, oito se concentram nas regiões ditas mais privilegiadas. Dos dez que alcançaram pior desempenho, ou seja, saldo negativo de vagas criadas, sete deles são cidades distantes dos bolsões de concentração de indústrias e de crescimento nos setores de comércio e serviços. Necessitamos de ações governamentais em parceria com setores empresariais para distribuir, de maneira igualitária, investimentos públicos e privados. Da parte do governo, a melhoria da infraestrutura e a criação de leis de incentivo que atraiam empresários para investir em pequenos municípios. Da iniciativa privada e das associações ligadas à indústria e ao comércio, mais interesse em sair da zona de conforto de investirem somente nas grandes cidades. Ações em conjunto destravariam o potencial dessas cidades mais pobres, principalmente no setor de serviços, com a geração de negócios para atender a demanda da indústria e no comércio. Hoje, esses municípios só sobrevivem graças aos repasses dos governos federal e estadual, insuficientes até mesmo para o custeio da administração e para investimentos locais.

Pablo Oliveira Rolim. Engenheiro Civil