Prudência na rede

As redes sociais fazem parte do cotidiano de 42% da população mundial. São 3,2 bilhões de pessoas interconectadas por um número em expansão de iniciativas, com objetivos que vão desde favorecer relacionamentos pessoais ou coletivos e até oportunizar transações profissionais. A busca por informações e distrações bem como de espaços de discussão e de expressão também estão entre seus principais atrativos. Entretanto, ainda que nem todos os usuários se deem conta, a presença em uma rede social é decisão séria e, como tal, requer prudência.

O relacionamento com outras pessoas no ambiente digital é, certamente, distinto do contato interpessoal que se dá fisicamente. Contudo, há semelhanças entre os dois tipos de interação, pois vale para ambos o princípio básico de se estar diante do outro. Na internet, a presença não se dá fisicamente e, assim, supera limitações geográficas de toda ordem. Nas redes sociais, se está diante de um número impreciso de usuários, dos quais se conhece apenas uma fração mínima. A previsibilidade do comportamento e das intenções daqueles com quem se conecta é, portanto, limitada.

A superexposição das redes sociais pode resultar em prejuízos de ordem interpessoal, profissional e até financeira. Especialistas dizem que, com frequência, quem compartilha quantidade excessiva de informações sobre si próprio nas redes sociais tem em mente apenas um pequeno círculo de contatos, sem se ater ao número total daqueles que podem ter acesso ao que foi publicizado. Exemplos conhecidos de infortúnios daí decorrentes não faltam: seu comportamento no mundo digital pode motivar indisposições com familiares e amigos; conflitos com colegas de trabalho; municiar impressão errada sobre si, prejudicando-o em uma seleção de emprego.

Outros problemas não se dão apenas por ruídos de comunicação. No fim da semana passada, o Facebook admitiu uma falha de segurança que forneceu dados de usuários da rede social e possibilitou uma invasão de, pelo menos, 50 milhões de contas cadastradas. A empresa, preventivamente, tomou medidas afetando 90 milhões de usuários, o que pode indicar que o ataque teve uma dimensão ainda maior. A brecha na segurança permitiu que parte dos recursos de um perfil fosse usada pelos hackers e, ainda, lhe permitissem o acesso a mais contas. Cerca de 4% de 2,3 bilhões de pessoas cadastradas foram afetadas.

Não é a primeira vez que o Facebook apresenta falhas graves de segurança. Em março deste ano, a empresa se viu no centro de uma polêmica por, mais uma vez, ter permitido que informações de usuários tivessem sido acessadas. Os dados chegaram à consultoria Cambridge Analytica, acusada de ter usado as informações para influenciar os resultados das eleições norte-americanas de 2016. O portal Yahoo! e a rede social de negócios LinkedIn também se viram às voltas com problemas do tipo neste ano.

Não é o caso de adotar postura alarmista e de aversão às redes sociais. Para elas, valem regras básicas para o bom uso da tecnologia: é preciso conhecer bem o que se tem em mãos e se manter atualizado. Revisar com regularidade seus procedimentos de segurança é indispensável e, sobretudo, ter uma ideia clara de quem se deseja ter por perto - ou para ser mais exato, como que se deseja estar conectado. Ter em mente quem pode ter acesso aos dados fornecidos e às informações publicadas possibilita experiência mais tranquila e livre de infortúnios dos espaços que se compartilha, cada dia mais, em ambiente digital.