Prostituição nos presídios

"Aquilo é um mundo à parte". A fala, de uma autoridade ligada à Justiça do Estado do Ceará, sintetiza o que há dentro dos presídios. Aquém do olhar da sociedade, a rotina nos equipamentos é feita por regras ditadas por presos. Entre superlotação e esquecimento, os detentos buscam por meio da corrupção de servidores garantir "luxos" privados. Esta matéria da editoria de Polícia, de segunda-feira, 30/4, foi a mais lida da semana no Diário do Nordeste.

A entrada de prostitutas nas unidades prisionais não é descoberta recente. Porém, a partir da Operação Masmorras Abertas, deflagrada há duas semanas, foi evidenciado que há participação de agentes penitenciários. Na maioria dos casos, há servidores que agem indiretamente cometendo o crime de prevaricação.

Segundo o promotor titular da Comarca de Itaitinga, Luís Bezerra Lima, existe prostituição em todas as Casas de Privação Provisória de Liberdade (CPPLs) do Município da Região Metropolitana de Fortaleza.

Investigações confirmam

As investigações do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) apontam indícios de que alguns agentes permitam entradas das 'giriquitas', como são conhecidas as mulheres que entram nos equipamentos e tiram proveito financeiro em troca de sexo. "O número de ocorrências é bem sazonal. A gente sabe que há permissividade de alguns agentes penitenciários", disse o promotor.

Em conversa com uma agente penitenciária, a servidora explicou, sem detalhar, que já flagrou um dos seus colegas de trabalho, que ocupa função superior no equipamento, permitindo a entrada. Nos presídios também estão os suspeitos de aliciar mulheres para prostituição. Quando um preso intermedeia a entrada de uma prostituta, dentro do equipamento, ele passa a ser "dono da mulher".

De acordo com uma agente penitenciária entrevistada, os detentos cobram favores uns aos outros para a mulher visitar mais de uma área.