Prognóstico agrícola

O desempenho pujante da agropecuária no Brasil deve continuar ao longo da próxima década. Pelo menos, esta é a perspectiva traçada pelo estudo Projeções do Agronegócio (2017/18 a 2027/28), realizado pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A conclusão principal da pesquisa é que a produção de grãos vai saltar 30% até a safra de 2027/2028, quando, segundo as estimativas, a colheita chegará a 302 milhões de toneladas, 69 milhões a mais do que o patamar atual. As esperanças de crescimento estão depositadas especialmente na soja e no milho, os quais deverão atingir, respectivamente, 156 milhões de toneladas e 113 milhões de toneladas. O esperado incremento da produtividade será a viga mestra para o desenvolvimento do setor.

A produção de proteína animal também vai aumentar expressivamente nos próximos dez anos, conforme o levantamento, o qual se vale de estatísticas da Conab, Embrapa, IBGE, Ipea e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. A tendência é que a pesagem das carnes bovina, suína e de frango se expanda 27%, saindo de 27 milhões para 34 milhões de toneladas. O principal destaque fica com a produção aviária, para a qual se antevê acréscimo de 4 milhões de toneladas.

No decurso da próxima década, avalia o mesmo estudo, o Brasil vai observar um avanço de aproximadamente 13% na área plantada, considerando todas das lavouras. Esse território hoje contempla 75 milhões de hectares e deve se estender para 85 milhões de hectares, provavelmente absorvendo pastagens naturais ou através do reaproveitamento de áreas degradadas.

No tocante às exportações, as perspectivas também são animadoras. O Brasil tem a possibilidade de vender 36% a mais para o exterior, totalizando a carga de 139 milhões de toneladas de grãos, a China se mantendo como a maior consumidora. A comercialização internacional das carnes produzidas no País alcançará 8,8 milhões de toneladas, de acordo com a pesquisa, um aumento de praticamente 40%.

As projeções são tranquilizadoras, sobretudo levando-se em conta que a atividade agropecuária vem sendo o esteio do PIB nacional, enquanto a economia se desidratava em meio à árida recessão. Não fosse esse setor, os resultados teriam sido bem piores. No ano passado, por exemplo, o agronegócio foi o único a perfazer um resultado robusto, tendo crescido 13%.

Vislumbrar que, em 2028, ele continuará em ascensão, concede confiança, ainda que, por se tratar de uma projeção, não haja certeza de que os dados expostos no estudo se concretizarão. Existem eventualidades impossíveis de serem prognosticadas, inclusive meteorológicas e geopolíticas, as quais podem afetar as estimativas. Pondera-se: a maior produtividade será de importância máxima para atenuar quaisquer fenômenos adversos.

Ademais, a fase de entusiasmo do setor favorece o controle inflacionário, posto que os itens alimentícios são os que mais influenciam o IPCA. Estando regulares, é improvável que haja curvas acentuadas de preços, o que garante equilíbrio na administração macroeconômica.

Durante a lenta recuperação de setores como indústria e comércio, a agropecuária se mantém como protagonista da economia brasileira, aquecendo-a. As previsões de especialistas dão conta de que essa atividade seguirá em ritmo forte no futuro próximo.