Prevenir sem alarmismo

Com a meta de imunizar 54 milhões de pessoas até o começo de junho, o Ministério da Saúde dá início, no dia 23, à campanha nacional de vacinação contra a gripe. Embora a doença pareça ser menor em comparação com outras enfermidades mais graves, como as moléstias causadas pelo mosquito "Aedes aegypti", as variações do vírus "Influenza" também representam riscos que demandam cautela e obediência rigorosas às orientações de prevenção emanadas dos profissionais de saúde.

O número de mortes ocasionadas por tal mazela, até a metade de abril, chegou a 62 ocorrências em todo o País. Tal número alertou parcela da população, que protagonizou corrida aos postos de saúde e a clínicas particulares de vacinação. Os óbitos, porém, segundo diversos especialistas, não justificam motivo para pânico. A intensidade do avanço da "Influenza" neste ano tem sido semelhante ao que ocorreu em 2017.

No mesmo período do ano passado (até 14 de abril), 66 pessoas não tinham resistido às variações do vírus, mas o início da campanha de vacinação foi suficiente para conter a escalada no total de casos durante os meses seguintes. O quadro ainda está muito distante do ambiente estarrecedor observado em 2009, quando se configurou epidemia que surpreendeu autoridades e órgãos competentes, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS). À época, a variação do vírus denominado H1N1 era desconhecida, assim como seus efeitos.

A "Influenza" pode ocorrer em qualquer época do ano, mas a incidência é maior nos períodos mais frios. Entre os principais sintomas de tal enfermidade, sobressaem-se a febre alta, tosse, coriza e dor no corpo. A vacina que será distribuída na campanha organizada pelo Ministério da Saúde protege contra três subtipos do vírus: as gripes H1N1, H3N2 e Influenza B. A eficácia varia de acordo com a faixa etária e outros fatores como a presença de doenças crônicas. Na prevenção de mortes, contudo, infectologistas calculam que a eficiência, em geral, chega a ser de 85%.

No Ceará, o último boletim da Secretaria da Saúde (Sesa), divulgado no dia 17 de abril, confirmou sete casos e três óbitos provocados pela H1N1. Para a campanha de vacinação, serão distribuídas aos 184 municípios cearenses 2,2 milhões de doses. A meta é imunizar, pelo menos, 90% das pessoas inseridas nos grupos de risco. Devem buscar a imunização adultos com idade acima de 60 anos, crianças de seis meses a cinco anos, profissionais de saúde, populações indígenas, adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, funcionários do sistema prisional, gestantes e puérperas (mulheres até 45 dias após o parto).

Apesar de o H1N1 ser passível de mutações que tornam o combate contra ele mais difícil, pesquisas apontam que a composição do vírus pouco mudou desde 2009. Ao contrário do que as autoridades enfrentaram recentemente, na tentativa de conter o zika ou outras moléstias, cujos efeitos são ainda incógnitas, existem informações suficientes sobre as variações da gripe, que facilitam a prevenção contra o possível surto.

Cabe aos órgãos de saúde investir em ações educativas para ajudar a sociedade a entender a verdadeira dimensão da doença, esclarecendo o público-alvo da campanha de vacinação os benefícios da imunização. É também dever da população se envolver na campanha sem deixar se enganar por boatos alarmistas acerca da enfermidade que circulam em redes sociais ou aplicativos de troca de mensagens; mas seguir as recomendações oficiais a fim de evitar uma epidemia.