Planalto vacilando

Nos últimos 20 anos, nenhuma propositura legislativa constituiu-se alvo de tanta expectativa, como a da cogitada Reforma Previdenciária, para a qual se voltam às atenções, não só do Congresso Nacional e da mídia, mas, igualmente, da imensa legião de interessados. Todos se acham pressurosos por saber se serão ou não beneficiados pela legislação prestes a ser decidida pelos parlamentares. Na abertura dos trabalhos, na passada semana, o assunto exclusivo era esta iniciativa do Executivo, que Henrique Meirelles considera improrrogável, sob risco de um colapso nas finanças do Erário, diante do vultoso dispêndio mensal, que alcança cifras astronômicas. Por sua vez, os beneficiários demonstram receio diante das inovações sugeridas no parecer de Arthur Maia, já reformulado vezes seguidas, no embalo de concessões reclamadas por sindicatos e lideranças outras influentes no âmbito da categoria. O esforço de Michel Temer para convencer a opinião pública há sido louvável, mas mesmo assim, a relutância permanece ativa, com mobilizações constantes, compelindo o baiano Artur Maia a rever itens da redação antes estabelecida, para ajustá-la a alterações consideradas de interesse vital para as categorias de beneficiários.

Até a véspera da votação, no dia 28, podem ocorrer acertos requeridos por deputados, em nome de classes inconformadas com alguns dos dispositivos qualificados como injustos e prejudicais aos servidores. Ninguém se surpreenderá se concessões reivindicadas ainda puderem emergir até um dia antes da deliberação, o que não é estranho na tradição parlamentar brasileira. E haja coração...

Mauro Benevides. Jornalista