PIB acima da média

A economia cearense voltou a crescer. Só esse fato já seria motivo para aplacar, ainda que parcialmente, a inquietação gerada nos anos de forte recessão. Mas a expansão estadual foi superior à média nacional, evidenciando que o Ceará deverá se desgarrar mais celeremente da crise.

Os números do PIB de 2017, revelados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), descrevem um painel típico de economia em convalescença, com alguns setores ainda sofrendo, uns buscando fôlego e outros reagindo de forma mais pujante.

De modo geral, o produto interno cearense cresceu 1,87% no ano passado, acima da média brasileira (1%). Foi a primeira dilatação verificada desde 2014, quando o avanço fora de 4,2%. Em 2016, o PIB local havia encolhido 5,33%; e em 2015, a queda tinha sido de 3,4%. Deixar retrocessos tão intensos para trás é, por definição, um trabalho árduo e lento.

A aceleração da economia do Estado ao longo do ano passado é um ponto que merece atenção. Após apresentar decréscimo no primeiro trimestre de 2017 (-0,83%), o PIB evoluiu gradativamente nos trimestres seguintes. No segundo, houve alta de 1,9%; no terceiro, 3,03%; e no último, 3,24%, o melhor do ano. Infere-se que os indicadores produtivos, passo a passo, estão progredindo. A escalada, inclusive, pode reverberar no ano corrente, na medida em que este parece herdar o comportamento de recuperação iniciado em 2017.

Assim como assinalado nacionalmente, a agropecuária também foi o setor de destaque positivo na economia do Ceará, com sólido crescimento de 28,9%. Diante da intensa estiagem que assola o Estado, tal resultado se mostra ainda mais marcante.

A indústria, no entanto, não voltou ao nível positivo. Segundo o Ipece, o PIB industrial fechou em retração de 0,64%, recuado, sobretudo, por efeito do segmento extrativo mineral (queda de 19%) e da construção civil (-4,2%). Em contrapartida, a indústria de transformação apresentou expansão de 2,74%. Já o setor de serviços, o mais forte da economia cearense, registrou melhora de 1,09%.

Passado o pior momento da crise, o Ceará tende a engrenar compasso mais turbinado em 2018. A atmosfera para o crescimento efetivo está sendo montada. O País está em processo de retomada em diversos indicadores, o que beneficia a capacidade de investimento, bastante combalida nos últimos anos.

Ademais, o Estado vem construindo, por méritos próprios, promissoras ferramentas para o robustecimento de seu PIB, cujos resultados poderão impactar a economia local não só neste ano, mas por muito mais tempo.

Para o setor de serviços, por exemplo, é bastante auspiciosa a transformação do Ceará em um importante centro aeroviário de conexões. O rápido ganho de espaço neste setor tem sido impressionante e ainda parece longe do ápice.

Cada série de frequências de voos anunciada acaba por atrair mais empresas e, assim, o Estado vai virando parada obrigatória para diversos destinos, no País e no exterior. O ganho turístico, a se espalhar por toda a cadeia que gira em torno de tal atividade, será enorme.

Para se manter no trilho do crescimento, o Ceará precisa continuar com o rígido controle sobre as contas públicas, o qual vem sendo elogiado por especialistas em finanças. Isso permite a atração de investimentos domésticos e estrangeiros e favorece a geração de emprego e renda.