Petrobras em ascensão

O surpreendente balanço da Petrobras relativo ao segundo trimestre deste ano indica que a estatal está firme na rota da recuperação. O lucro de R$ 10 bilhões obtido no período ficou bastante acima das estimativas de analistas do mercado financeiro, que esperavam em torno de R$ 6,5 bilhões.

O lucro significa expansão de 45% na comparação com o trimestre anterior (R$ 6,9 bilhões), sendo ainda 32 vezes maior que o registrado no segundo trimestre do ano passado (R$ 316 milhões). A empresa alcançou o seu maior ganho desde 2011.

Alguns fatores impulsionaram o excelente resultado, sendo o mais preponderante deles o comportamento favorável do preço do barril do petróleo, que chegou a bater US$ 80 entre abril e junho.

Para especialistas, o patamar atual da cotação da "commodity", um pouco acima da faixa de US$ 70, propicia o cumprimento da meta de alavancagem da petrolífera.

A valorização do petróleo no mercado global, em meio a tensões geopolíticas, acaba por compensar perdas oriundas da concessão de subsídios internos. Por mais que a governança na empresa tenha apresentado notória evolução desde o início da gestão Michel Temer, com a implementação da política de livre flutuação de preços acompanhando o mercado internacional, o governo cedeu à pressão da greve dos caminhoneiros e obrigou a Petrobras a subvencionar o valor de venda do diesel nos postos.

Para a companhia, o recado passado por tal concessão é, indubitavelmente, negativo, pois denota que sua independência ainda está subordinada aos interesses do Executivo, embora em proporção menor do que no passado recente, é verdade, mas é inegável essa relação impertinente. A polêmica em torno da política de preços levou seu então presidente, Pedro Parente, a pedir demissão. Ele foi substituído por Ivan Monteiro.

Não obstante a intervenção, a Petrobras consegue crescer com vigor. O balanço destaca melhoras substanciais em diferentes áreas. Houve aumento de 6% nas vendas de derivados na comparação com o primeiro trimestre. Incremento também foi registrado na participação no mercado de diesel passando de 74% para 87% no intervalo de um ano. O "market share" da gasolina também subiu de 83% para 85%.

Mesmo com o desempenho robusto do trimestre passado, a maior empresa pública do Brasil deve continuar com ajustes rígidos para reduzir sua imensa dívida. A administração da companhia tem o objetivo central de reduzir, neste ano, o endividamento para o equivalente a duas vezes e meia do valor da geração de caixa. Essa relação está em 3,23 vezes, mas, no fim de 2017, era de 3,67.

Embora a dívida ainda seja bastante significativa, a situação atual é bem melhor do que a de três anos atrás. No fim de 2015, o endividamento líquido da Petrobras chegava a R$ 493 bilhões, 42% a mais que o valor corrente.

Tem sido saudável para as finanças da petrolífera a otimização do perfil de sua dívida, reduzindo as taxas de juros e ampliando prazos de pagamento.

A melhora no caixa se traduziu em lucros no mercado de ações. No acumulado do ano (de janeiro até o dia 3 de agosto), os papéis da empresa se valorizaram na faixa dos 32%. O valor de mercado da empresa é avaliado em R$ 280 bilhões, 30% a mais que em dezembro de 2017. Ainda assim, a Petrobras está longe de sua máxima histórica, assinalada em maio de 2008, quando valia R$ 510,3 bilhões.