Petrobras: a origem

Em abril de 1938, o General Pedro Aurélio de Góis Monteiro reassumiu o cargo de Chefe do Estado-Maior do Exército. Tinha muito poder. O alagoano fora um dos principais apoios de Getúlio para o golpe do Estado Novo, meses antes. Depois de tempos dedicando-se à política, e após missão diplomática no Cone Sul, quis retornar às questões militares.

Reuniu seu pessoal. Um Estado-Maior deve fazer planos de guerra, por mais implausíveis que sejam, para que em caso de necessidade estes já estejam prontos. Descobriu que o órgão não fazia plano algum. Decepcionado, pegou um papel e rabiscou o que queria: plano de mobilização, de transportes, de informações, etc. Tudo para já.

Uma semana depois seu subordinado o General Horta Barbosa lhe trouxe a informação: o Brasil não tinha gasolina sequer para oito dias de guerra. Abismado, Góis Monteiro chamou o outro para baterem à porta do Presidente Getúlio. Denunciaram o caso. E naquela reunião decidiu-se a criação de um novo órgão, o Conselho Nacional do Petróleo. Para seu primeiro chefe, Júlio Caetano Horta Barbosa, veterano de Canudos.

Este realizou estudos, visitou a primeira refinaria estatal sul-americana, no Uruguai. E quinze anos de muita luta política depois surgiu uma empresa estatal que virtualmente monopolizava o petróleo no Brasil. Discute-se a Petrobras. E tem-se mais é que discutir.

Mas é importante não esquecer do que deu origem à empresa. Necessidades militares e estratégicas, mais que econômicas. O que aconteceu nos anos trinta pode esclarecer o que queremos para a empresa no século XXI.

Paulo Avelino
Administrador