Pênalti perdido

Todos os dias temos a chance de corrigir o inadequado, de fazer o semeio do amor, de reparar o que a vaidade exprime, de recomeçar a mudança esperada, de recompensar o que nos agrada e de agradecer nossa existência. Que jamais desperdicemos a chance real da vitória e da transformação desejada. Ele poderia ser resquício da bola na trave, da pelota chutada ao longe, ou atrasada com displicência; do desejo ou frustração, e da inteligência do arqueiro; poderia gerar tristeza do artilheiro e glória do goleiro; o desperdício dele, também pode ser oriundo de uma conjunção de fatores, onde a sorte, a competência e a inteligência fazem parte do jogo.

Entretanto, não é esse pênalti, ao qual me refiro. O pênalti perdido lembra a falta de ensinar o bom exemplo ao filho, a falta de compartilhar preceitos de um precioso caráter; a falta do plantio de nobres valores no meio onde convivemos; a falta do bem servir e do verdadeiro amor transformador; a falta do que nos faz valer a pena existir; esses sim, são pênaltis imperdíveis. Tostões içados ou milhões desperdiçados valem nada diante da perda desse pênalti, do título.

Ele faz aprender ou renovar a boa essência, e treinar a experiência e o valor da vida. Que aprimoremos o bom universo da razão, e o controle da imaginação que maltrata; que dominemos a incapacidade ou incompetência humana de relevar e superar erros. Nesse texto lembro a falta perigosa na área do desamor, da ingratidão e da ausência de perdão. Corrijamos o pênalti perdido.

Russen Moreira Conrado. Médico e psicoterapeuta