Os sonhos de Cecília Moura

Essa violência inaudita e constante, que nos incomoda e apavora, produziu mais uma de suas inocentes vítimas. Cecília Raquel Gonçalves Moura, 23 anos, teve sua vida ceifada abruptamente, quando se dirigia para mais um dia de trabalho como estagiária. Os bandidos covardes que a mataram com um tiro na nuca viram-na vulnerável, por ser mulher e estar sozinha naquele momento, com os vidros do automóvel abaixados. Com um tiro, decretaram o fim de uma jovem e promissora vida, como tantas outras têm fenecido pelas mãos de implacáveis algozes. Cecília, que cursava o décimo semestre do Curso de Direito na Universidade de Fortaleza (Unifor), era estagiária no Ministério Público Federal no Ceará, onde ingressara havia quase três meses.

Simultaneamente estagiava no Ministério Público estadual e, nas duas atividades, tinha a admiração e o respeito dos colegas. Em menos de dois quilômetros entre sua casa e o trabalho, a jovem teve seus projetos de vida destruídos pelas mãos de facínoras, enlutando novamente uma sociedade que sangra e chora com as infindáveis repetições de tantos crimes perversos!

Cecília, como muitas pessoas de sua idade, que batalham todos os dias por um lugar ao sol neste País de tantos desafios e dificuldades, tinha sonhos. Entre eles, o de se graduar no final deste ano, com o namorado, Isaac. Profundamente emocionado no dia do sepultamento, ele disse que ambos pretendiam estudar juntos para o Exame da Ordem dos Advogados. Sonhos que, não fosse o trágico fato que a arrebatou deste mundo, seriam naturalmente realizados.

Da mesma forma, diariamente, tantos anseios de jovens esforçados são extintos, desfeitos pela insegurança a que estão expostos! Cuidem dessa juventude, senhores que detêm o poder! As manifestações pela morte da aluna, organizadas por seus colegas e por movimentos sociais, aconteceram para cobrar ação e responsabilidades pela proteção dos cidadãos. Trabalhem para que outros sonhos, como os de Cecília, não pereçam! Respeitem a dor dessas famílias! Protejam a juventude e a sociedade brasileiras! E punam exemplarmente esses desprezíveis celerados!

Gilson Barbosa. Jornalista