O que os bancos têm a nos ensinar

Existe um ditado popular que diz "se não pode vencê-los, junte-se a eles". Eu incluiria "aprenda com eles". O adágio em nada se relaciona em reconhecer fracasso ou fragilidade. Muito pelo contrário. Tem a ver com inteligência de mercado. Se tenho a oportunidade de unir-me a um oponente, ou de aprender algo com ele, por que resistir?

Entendo que, para a economia brasileira voltar a crescer, a geração de emprego e renda é fundamental. Para isso, empresas precisam de incentivos fiscais; potenciais empreendedores precisam de menos burocracia e menos taxas para iniciar seus negócios; e o profissional brasileiro precisa sair da enorme fila na busca de emprego e finalmente ocupar um posto de trabalho. Responsável por 21% do PIB do Brasil, a atividade industrial responde por 51% das exportações do País. Para cada R$ 1,00 produzido na indústria, são gerados R$ 2,32 na economia como um todo, de acordo com dados da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). É, sem dúvidas, um dos setores que mais emprega mão de obra.

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, das altas taxas de juros e impostos pesados que, inevitavelmente, recaem sobre a sociedade, as indústrias precisam arregaçar as mangas e lutar pelo desenvolvimento e crescimento. Não adianta esperar que outro setor mude para que as coisas melhorem. Algo precisa ser feito hoje com o que se tem à mão.

A verdade é que os bancos, ao trabalharem com altíssimas taxas de juros, dificultam sim o fortalecimento da indústria. Os spreads bancários do Brasil, por exemplo, são um dos mais altos do mundo. Os bancos cobram juros mais caros quando emprestam dinheiro do que quando pagam seus investidores. Isso porque separam uma parte do que sobrou para bancar seus custos e também ficar com o lucro.

Além do fato de acompanhar a taxa Selic, que também é uma das mais altas no mundo, os bancos focam suas atividades no resultado, na organização e no profissionalismo para alcançar seu objetivo - o lucro. Durante minha experiência profissional em bancos, antes de assumir posições dentro do Grupo Edson Queiroz, tive a oportunidade de conhecer uma forma organizada, inovadora e competitiva de trabalho. Há muito o que se aprender com os bancos nesse sentido.

Eles lançam novos produtos, criam novas demandas na sociedade, investem em seu corpo de funcionários e se tornam exemplo de empresa a ser seguida, fazendo o dever de casa e, consequentemente, alcançando os resultados esperados.

O professor da Harvard Business School, Michael Porter, com suas cinco forças competitivas, defende que as empresas devem manter uma estratégia empresarial eficiente. Conheci o conceito na teoria e na prática no Banco Bozano Simonsen e Bank Boston.

Descobrir informações relevantes sobre seus concorrentes e como eles afetam o mercado é vital para sobreviver. Utilizar nos negócios métodos conhecidos, testados e aprovados, como as cinco forças de Porter, é uma forma segura e eficaz de melhorar processos e gerar resultados. E esta é só uma das muitas metodologias e conceitos disponíveis no mercado para alcançar competitividade.

É fato que as altas taxas bancárias afetam não só uma empresa que precisa expandir ou investir em melhorias, mas também o cidadão brasileiro, que precisa comprar um bem ou quitar uma dívida.

Mas enquanto não vencemos o método de trabalho dos bancos, reduzindo essas taxas, aprendamos com eles como crescer e dar resultados. O que mais precisa ser feito? Fica o desafio.

 

Igor Queiroz Barroso
Diretor Institucional do Grupo Edson Queiroz