Sete cidades da Grécia Antiga reclamam a honra de haver sido o berço do poeta Homero, cuja existência se tem chegado mesmo a contestar. Nas terras do Cruzeiro do Sul existiu de fato um guerreiro homérico - Poty - que quer dizer Camarão, um dos mais famosos representantes dos povos primitivos das plagas brasileiras, o qual percorria as capitanias do Nordeste do antigo Brasil Colonial, empunhando o arco e a flecha dos guerreiros de sua raça.
À semelhança de Homero, Antônio Filipe Camarão tem a disputar a glória de haver-lhe sido berço de quatro estados do Nordeste brasileiro: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. É ele, o Poty, natural do Ceará, porquanto de descendência Tabajara. Assim concluíram o romancista Alencar e os historiadores Thomaz Pompeu e Barão do Rio Branco, dentre outros historiadores cearenses.
Ombreando-se com as personalidades acima mencionadas, Luiz Januário Lamartine Nogueira, emérito conhecedor da história de nossa gente, vai ainda mais longe! Nos diz o grande paladino viçosense que Filipe Camarão é filho de Viçosa do Ceará.
Lamartine Nogueira analisa a questão através de teses, fazendo-o por meio de argumentos todos eles contundentes que nos levam a meditar sobre o assunto.
Em assim sendo, que têm feito os viçosenses para reverenciar a memória de Antônio Filipe Camarão? Quais tributos lhe têm sido dedicado por nossas escolas, pela Secretaria Municipal de Cultura, enfim, por nosso povo?
Sobre o assunto, assevera-se aqui que em um passado recente, uma das praças de Viçosa do Ceará chegou a ostentar uma estatueta de bronze do decantado herói, patrimônio histórico brasileiro, cuja valentia e destemor, levou-o a combater os holandeses naquele Brasil colonial, cuja hegemonia achava-se em jogo. Aquela estatueta, contudo, foi igualmente olvidada, tanto quanto o nome do próprio índio Poty, para não dizer surrupiada dos almoxarifados do município viçosense...
Antônio Filipe Camarão seria por certo um viçosense nato. Um filho de Tabajaras. Por conseguinte, sua memória deve ser sempre cultuada, através de estudo e debates, e perpetuada sua estatueta em praça pública, para honra e glória do antigo guerreiro, e em respeito às gerações presentes e futuras de Viçosa do Ceará.
