O ideal de paz

O espetáculo da violência no Brasil que amedronta a todos segue se desenvolvendo e se manifestando nas mais diversas formas e expressões de barbárie. Vive-se numa atmosfera comparável à de uma guerra.

Nesse sentido, é num cenário de quase caos generalizado que emerge o clamor pela paz. Entretanto, é preciso conceber que o desejo de paz se associa a um elemento fundamental que compõe essencialmente sua estrutura constitutiva.

O filósofo Manfredo Oliveira em texto sobre a paz afirma que para a construção de um mundo de paz, justiça e fraternidade, "o fundamento normativo deste mundo de paz é a dignidade de toda realidade e de modo supremo a dignidade do ser humano enquanto ser pessoal, inteligente e livre e enquanto tal portador de direitos inalienáveis decorrentes como exigências da constituição do seu ser".

Isso significa dizer que o sujeito na sua existência histórica, portador, portanto de dignidade, fornecedor, assim, de sentido para tudo o mais, é quem reclama pela paz, por um lado, e é o mesmo que, por outro lado, se insere num mundo de guerras. Nessa tensão é que se situa o problema do estabelecimento de uma sociedade de paz. As realidades que configuram o atual momento: terrorismo, guerras, ameaças de guerra, miséria, fome, desigualdade, eminente catástrofe ambiental, mazelas essas em grande parte, patrocinadas pelo interesse financeiro cego que instaura uma lógica perversa de riqueza para poucos, acentuam o condicionamento de um demasiado fosso entre a realidade e a idealização de um mundo minimamente humanizado.

Felipe Augusto Ferreira Feijão
Estudante de Filosofia