O fundo do poço

O País desceu ao fundo do poço. Quando o petróleo é a questão central de tudo, cabe bem a expressão fundo do poço. Fundo do poço no sentido amplo e restrito. Amplo, ao abranger todo o imenso espectro da mais cruel realidade vivenciada pela Nação, nos seus mais de quinhentos anos de história de espoliação. No passado mais remoto, de Colônia, a exploração das riquezas naturais era uma prática comum, porquanto o dominador detinha o direito de posse sobre os bens e as pessoas.

Os pesados impostos cobrados pela Coroa a títulos os mais diversos travavam e desestimulavam as iniciativas dos brasileiros, assim chamados pela abundância do hoje desaparecido pau-brasil. Nada tão diferente de hoje, quando a fome arrecadadora do governo não conhece limites e tal e qual àquela época cai pesada sobre os pequenos e os pobres.

O resultado é este: o aumento da desigualdade social a níveis de miséria ao lado de uma riqueza faustosa e, às mais das vezes, improdutiva, pois vive de juros e do correntismo garantido pelos bancos. E a mesma "filosofia" de explorar até a exaustão os recursos naturais da "terra brasilis" continua e se expande, mascarada de políticas de salvação nacional praticada por brasileiros entreguistas e ávidos por dinheiro, e sempre subservientes aos interesses dos poderosos de dentro e fora do País. Por conta dessas práticas, o Brasil conheceu agora, como nunca antes, o fundo do poço. O fundo do poço, bem representado pela angustiante crise da falta de gasolina e diesel, num país riquíssimo em petróleo, e na crise de abastecimento de gêneros, e a morte de animais.

Eduardo Fontes
Jornalista e administrador