O aceno dos natais passados

Estamos em pleno dezembro, o último mês do ano. Janeiro já se apresta a entrar em cena, com seu cortejo de mudanças políticas à vista e a sempre proclamada renovação de esperanças.

Para muitos, talvez dezembro se apresente envolto no papel celofane das muitas ilusões. Ilusões amorosas, ilusões de sucesso, ilusões financeiras, maiores ou menores, todas habitantes dos castelos dos sonhos. Para outros, dezembro vem vestido com a cor crepe dos sofrimentos e das desilusões. E são tantas, basta acompanhar o noticiário da imprensa. Viuvez, orfandade, desemprego, violência – um imenso cortejo de dores, de lágrimas e de saudades. E aquela sensação de impotência, quando apelar para Deus é o último recurso diante da indiferença dos governos e da justiça. 

Para os mais idosos, o período natalino é o tempo de saudades, a trazer de volta a lembrança dos partintes – pai, mãe, tias e tios, e até irmãos – sem contar a legião de vizinhos e amigos, todos eles passageiros de um trem noturno sem bilhete de volta. 

As lembranças da infância e da adolescência costumam revisitar o coração dos mais velhos. Colho, no sempre atual livro “Cazuza”, de Viriato Corrêa, a seguinte verdade: “O mundo, acreditem, mudou inteiramente. O progresso tornou a vida tão veloz que as crianças da atualidade não têm mais meninice. Aos seis anos já viram e já gozaram tudo, aos dez estão enfastiadas e velhas. No meu tempo, qualquer coisa era novidade. Uma caixinha de música, um soldadinho de chumbo, um revolverzinho de espoleta, um reloginho de brinquedo faziam a felicidade de um menino”. Velho e bom Viriato Corrêa a dizer ontem, no seu imortal “Cazuza”, as verdades de agora. 

Mas a fase natalina é sempre assim. Tem encantos e desencantos. Tristezas e alegrias. Mas, o mais importante a gente esquece, em meio às festas e às compras: a figura de Jesus e a sua mensagem de amor.


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