Novos ventos no Cocó

As perspectivas quanto ao futuro do Parque do Cocó estão renovadas. Considerado um dos bens naturais mais valiosos de Fortaleza e do Ceará, vem recebendo, nos últimos meses, atenção especial, gerando otimismo acerca não só da preservação de suas riquezas inerentes, como também da salutar utilização destes espaços públicos por parte da população da Capital.

Em junho deste ano, um largo passo foi dado no sentido de garantir os cuidados e investimentos de que o Parque tanto necessita. O Cocó foi, enfim, oficialmente regulamentado, por meio de decreto, passando a pertencer ao Estado. Estabeleceu-se a área total de 1,5 mil hectares, o que o torna maior do que parques emblemáticos como o Central Park, em Nova York, e o Ibirapuera, em São Paulo.

Este comparativo facilita compreender o quão relevante é o Cocó para Fortaleza, um gigantesco ecossistema no meio de uma grande cidade. A demarcação da área é imprescindível para assegurar a proteção do local. Conta, inclusive, com o apoio da iniciativa privada. No período em que o mundo discute intensamente a premência de priorizar o patrimônio ambiental - sobretudo por conta das consequências arrasadoras da desenfreada emissão de gases poluentes e do desmatamento -, o Ceará, no que lhe compete, contribui pertinentemente.

É cada vez mais fundamental incentivar a integração da população com as áreas verdes, a fim de estimular a conscientização no tocante à valorização de tais espaços.

Outro movimento essencial para a evolução do Cocó foi a realização de um concurso nacional de ideias, cujos vencedores foram conhecidos neste mês de dezembro. O certame incentivou a concepção de projetos por arquitetos e paisagistas de todo o País, colocando o Parque sob os holofotes de especialistas. Muitos conceitos e planos válidos surgiram.

A equipe que ficou em 1º lugar, por exemplo, propôs mudanças que permitam a conexão entre os sistemas urbanos e a vasta natureza do Cocó, aumentando a presença das pessoas. Diferentemente do que ocorre com os outros parques supracitados, o Cocó não atrai maciçamente os habitantes de Fortaleza.

A ideia é viabilizar a infraestrutura necessária para esta aproximação, construindo mirantes, píeres e estimulando a prática esportiva e o lazer. A promessa do governo estadual é que as obras, orçadas em R$ 50 milhões, comecem no primeiro semestre do próximo ano. Um conselho deliberativo decidirá como as ideias serão postas em prática.

O potencial do Parque do Cocó é imensurável. Além de possuir múltiplos recursos a serem usufruídos por quem mora na Capital e na Região Metropolitana, a área tem ainda grande capacidade de atrair turistas.

As melhorias a serem feitas encaixam-se perfeitamente no momento de plena expansão turística de Fortaleza, com a expectativa de aumento de fluxo de visitantes em razão da concessão do Aeroporto Pinto Martins e do hub da Air France-KLM. O Cocó pode funcionar como alternativa ao predominante turismo litorâneo, expandindo o leque de atrações da cidade.

O Parque do Cocó é um bem de valor inestimável e, portanto, precisa receber dedicação proporcional à sua importância perante a Capital. Integrá-lo de forma eficiente à cidade e à população é um antigo desafio para os gestores, com a diferença de que, desta vez, as condições para alcançar esta meta parecem mais tangíveis.