Novos dias

Hoje, as pessoas vivem isoladas, nos seus castelos de pedra ou da alma. A forma de comunicar-se com os outros é através de aparelhos eletrônicos. Num restaurante, todos estão reunidos, mas ninguém conversa nem olha o outro nos olhos. Estão assim reunidos, mas separados, ensimesmados, ou mantendo um "diálogo" frio com alguém na China ou em outro país.

Nenhum contato desse tipo, substitui o calor do abraço, o aperto de mãos, o beijo. Pode até tudo se dar em silêncio, sem estardalhaços ou risadas estrepitosas. Basta muitas vezes a presença. A presença física. A visita aos parentes, aos amigos, a alguém doente. Já não existe tempo para estes atos - a correria pela conquista de um lugar ao sol ou pelo ganho da vida, só admite contatos virtuais. E até no ambiente de trabalho, a maioria dos contatos têm o computador e o telefone celular como portadores das ordens de serviço. Ainda mais agora, quando uma simples cortesia pode ser vista como assédio, ensejando o fim da educação no trato, o elogio, o galanteio, o namoro e o casamento no meio laboral ou fora dele, pois as mulheres estão "empoderadas". E por estarem assim tão ciosas dos seus direitos e, às vezes, nem tanto dos seus deveres, os namoros correm o risco de desaparecer e, por conseguinte, os casamentos, porquanto os contatos para aproximação de dois podem ser tidos na conta de "assédio", como forma de mais um passo para o distanciamento e o individualismo entre as pessoas.

Não poucos buscam também o sexo virtual, sem compromissos, sem problemas, ou com bonecas perfeitas. Saudade dos "velhos tempos, belos dias".

Eduardo Fontes. Jornalista e administrador