Nossos jogos de rua

O "nossos" passa de meio século. E, há tempo, os amigos Gervásio Bastos, Tarcísio Sá e Zé Nunes pedem artiguete sobre o tema. Credores persistentes, melhor pagar. Tais brincadeiras foram-se iguais as folhinhas de velhos calendários. "Pé de parede" era quase diário. Os competidores postavam-se a metros do muro e lançavam os objetos da aposta. Vencia quem conseguisse colocá-los o mais próximo da amurada. "Bilas" - assim chamadas as bolas de gude -, castanhas de caju, tampinhas de garrafas, botões utilizados em times de tabuleiro e várias coisas dos folguedos viam-se apostadas. "Triângulo", nomes do instrumento e da competição. Arame grosso, de aproximados vinte centímetros de comprimento, pontiagudo numa extremidade e com ligeira volta na outra, para segurar-se com as pontas dos dedos polegar e indicador e lançá-lo contra o solo. Desenhado um pequeno triângulo, os jogadores, alternadamente, traçavam linhas a cada fincar do objeto, buscando prender o adversário, impedido de cruzar o risco do outro. Ganhava quem fechasse a área. "Futebol de botão", como o atual, entretanto, usando botões verdadeiros. Papéis dos maços (dizíamos "carteiras") de cigarro. Abertos e, de forma longitudinal, com bordas para dentro, dobravam-se na metade e representavam dinheiro. Atribuídos valores conforme as marcas e as dificuldades de serem encontrados. Estrangeiros possuíam cotações maiores. "Três buracos" em "jogo de bilas", adivinhar o número final de placas de veículos chegando, "jogo da velha" riscado com carvão na calçada, "gol a gol" com bola de meia, "pelada" na rua e... Findou o espaço da seção!

Geraldo Duarte. Advogado e administrador