Mudanças

Todos os dias, ficamos estarrecidos com a violência que impera em nosso Estado. Dizemos: isso é o caos! Ficamos indignados com tanto desamor, descaso e incompetência de vários matizes das autoridades, pois as que têm o dever de defesa ficam engessadas pelo medo, pelo despreparo, pela indiferença, não conseguindo ir além do horizonte, que ainda não está perdido. Necessitamos presenciar operações como a Lava-Jato, Calicute, entre outras, para termos a esperança de uma mudança, mesmo que pareça tardia. Quem poderia imaginar que um dia grandes cairiam? A eliminação da sujeira que ainda impera nas esferas superiores é questão de tempo. Muitos ainda cairão. Verificamos, a partir desse caos, a queda de máscaras daqueles que outrora se diziam perseguidos pela Ditadura, que também está contida no caos. Verificamos, hoje, as ditas comunidades vendidas a grupos fascistas que ditam normas e tomam seus filhos para serem soldados do crime organizado. Pessoas de bem nessas comunidades ainda não entendem que são a maioria e que poderiam mudar o rumo da história, não permitindo que eles se instalassem em seus espaços. Muitos vão me dizer: É fácil falar! Você não vive nessas comunidades! É verdade, mas lido com pessoas delas e verifico que, se elas soubessem dos seus potenciais de mudança, tudo seria diferente. O caos ainda não as despertou, mas já estão levando uma sacudidela. Por muito tempo, me disseram que eu sofria de síndrome de Poliana, pois sempre achava que as pessoas não eram más, não eram invejosas e que tudo era azul. Comecei a levar sacolejos da vida e a perceber que dizer a verdade, ser tolerante, saber ouvir incomodava a muitos. Como incomoda a muitos também, eu ser chata sem ter e ser mimimi. Agora, já procuro ser mais 'simpaticazinha' em lidar com o outro. Estou exercitando a sabedoria do caos.

Rossana Brasil Kopf. Psicanalista advogada