Mestres da dissimulação

Diante das delações que temos visto, por meio da Operação Lava a Jato e de suas congêneres, o observador mais sagaz concluirá facilmente que a dissimulação e o cinismo ali reinam incólumes. Delatores costumam disparar grandes volumes de informação, envolvendo políticos e empresários que, por sua vez, orientados por bancas de advogados regiamente pagas, alegam inocência, total desconhecimento das acusações que lhes são imputadas etc.

Muitos dos denunciados são velhos conhecidos, mestres da enganação, malabaristas das palavras, prestidigitadores que tentam depreciar o trabalho dos membros do Ministério Público que têm se aferrado intensamente a combater cânceres como o desvio de verbas públicas para interesses particulares. Mesmo diante de provas cabais, incontestáveis, essa gente perfumada e engravatada muitas vezes vale-se de habilidade para se esquivar dos castigos impostos pela lei que deveria, simplesmente, seguir. São ilusionistas inescrupulosos. Confrontados com seus crimes, tentam fugir à responsabilidade. Muitos nunca souberam o que é viver à custa do trabalho digno e honrado.

Sempre recorreram a esquemas escusos para enriquecerem ilicitamente, ludibriando pessoas de bem. São mesquinhos e gananciosos ao mesmo tempo. Só desejam ganhar mais e mais, sem nenhum propósito de compartilhar sua riqueza com os que dela deviam, verdadeiramente, beneficiar-se. As delações expõem o caráter desse grupo que, num país como o Brasil, habituou-se a alcançar os píncaros de suas carreiras de forma condenável. Hábeis e destemidos no afã de enriquecer à custa da corrupção mais desbragada, mostram-se pusilânimes quando expostos à execração popular, como já vimos.

Diante desta deterioração moral em que o País se encontra, é forçoso dizer que muitos dos que aí estão desconhecem coisas como brio, dignidade, hombridade e seriedade no trato da coisa pública. Iniciamos o ano de uma importante eleição. E o povo, responsável direto por escolher seus representantes, pode tentar atenuar esta grave situação, por meio do voto. Como diz o velho ditado, "a esperança é a última que morre".

Gilson Barbosa. Jornalista