Mês vocacional

A Igreja, comunidade dos batizados espalhada por todo o Brasil, vive o mês vocacional, recordando a todos que a vida é vocação: da parte de Deus, é um chamado; da dos seguidores de Jesus de Nazaré, uma resposta. Essa resposta deve ser sempre mais generosa, compreendida como vida espiritual - vida de oração - a partir do interior, numa luta desigual, nas exigências e desafios do mundo, mas na convicção de que Deus precisa de nós na sua obra redentora.

Aproveito a circunstância vivida pela Igreja, por ocasião do mês vocacional, para agradecer ao bom Deus pelos meus 30 anos de ministério sacerdotal (14/8/1988), com um lema que escolhi, embora longe de vivenciá-lo na sua plenitude: "Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir" (Jr 20, 7). Nunca perdi de vista o que nos fala o profeta Jeremias, de que a luta continua desigual. Na certeza da esperança, a partir da fome e sede de vida que há no interior do coração humano, que vantagens e honras são incompatíveis e estão distantes do projeto de Deus, supremo bem. Obrigado a Dom Aloísio Lorscheider por ter me ordenado sacerdote! Ele, modelo de sacerdote e anunciador da esperança cristã, na estreita coerência evangélica, foi um sinal vivo de Deus. Era ele um filho de São Francisco, de um coração naturalmente, dócil e terno, configurado com Jesus de Nazaré, nos incontáveis modos de testemunhar sua fé. Bem que São Francisco nos ajuda na compreensão do profeta Jeremias, embora tivesse como seu referencial maior o "poverello" de Assis, na opção voltada aos empobrecidos, no consistente duelo por uma sociedade mais inclusiva, solidária e justa.

Geovane Saraiva
Padre e jornalista