Mentira e verdade

O tema fake news é recorrente tanto nos maiores veículos de comunicação do mundo como na área de pesquisa científica da comunicação. Mas falta ainda um olhar provindo de uma antropologia/psicologia da comunicação. Este, levanta questões não menos importantes que as sociais que já estão em discussão. Ou seja, apesar de possuírem um evidente conteúdo falso, não haveria nas fake news verdades por detrás dos panos? É interessante também olhar para o comportamento humano, não subjetivo, mas massivo, aquele que mexe com as placas tectônicas da realidade. Uma das verdades é: a fake news é tomada como a "inimiga" pelos grandes veículos. Isso, na dinâmica do herói versus inimigo, os coloca na posição de herói (hipócritas). Talvez o fenômeno das fake news faça uma (pequena) parte da sociedade duvidar das notícias, seja as das redes, seja dos grandes veículos. Porém, isso deve incomodar os veículos que propagam as "verdades últimas".

Além disso, parece que houve um casamento entre os veículos ideológicos produtores de fake news e uma parte extremista da sociedade. A notícia falsa só ganha importância se uma parte da sociedade a absorve. Portanto, a outra verdade da fake news é que ela evidencia o que está escondido no porão da alma humana e que muitas vezes negamos: o extremista em nós. Por fim, a absorção da fake news pelo público também demonstra que nós nunca nos comprometemos com a verdade. Nós queremos o que nos convém e o que nos agrada. Isso faz com que elenquemos os heróis e os inimigos nacionais, gerando uma sociedade polarizada e falsamente civilizada.

Leonardo Torres
Doutorando em Comunicação